«Como é que é a pergunta?
Numa escala de 0 a 10, quão satisfeito se sente com a vida no seu todo? Depois acrescentou: Não sejas precipitado a responder, Daniel.
[...]
A minha resposta. 8,0.
Eu disse para não te precipitares.
Não me precipitei.
Estiveste calado três minutos e depois disparaste um número que, supostamente, representa o teu grau de satisfação com a vida.
É o meu número.
E, em três minutos, passaste em revista toda a tua existência, contabilizaste tudo, ponderaste todas as variáveis?
Sim. Acho que sim. Quanto tempo é que tu demoraste?
Foda-se, Daniel, eu estou nisto há duas semanas e mesmo assim ainda sinto que não estou a pensar em tudo.
Duas semanas, Xavier? Isto não é um problema de matemática.
Na verdade, até é. Mas, antes disso, é a tua vida. Não podes resolvê-la em três minutos. Repito: a maior parte das pessoas não percebe nada de felicidade.
A tua resposta é 4,4 e eu não percebo nada de felicidade.
Estás a interpretar-me mal. Eu não disse que não sentias felicidade. Sentes. Apenas não a percebes.
E tu percebes?
Eu percebo da minha felicidade. É uma equação como outra qualquer que tive de preencher com variáveis e constantes e ponderadores e depois ligar tudo com os sinais certos.
Variáveis? Quais variáveis?
Amigos. Amor. Tempo Sonhos. Sede. Dores de barriga. Esperança. Inveja. O sabor da comida. Esse género de merdas.
Eu ri-me.»
Índice Médio de Felicidade, David Machado