sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Poesia está em toda a parte

Por trilhos em Cachopo
A Porta

Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta.
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho.
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado.
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira.
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa)
Que se uma pessoa é burra,
É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa,
Fecho a frente do quartel,
Fecho tudo nesse mundo,
Só vivo aberta no céu!

Vinícius de Moraes, Poemas Infantis

terça-feira, 22 de julho de 2008

"Um azul"

O teu azul acordou diferente
Sem a leveza da água
Sem o som da manhã

O teu azul está mais escuro
Mais perto de uma dor contida
De olhar inquieto e trémulas mãos

Azul de luz sombria
De lágrima redonda e carnuda
Sulcando as faces da vida

Deixa-me tocar
As fundações desse teu azul
Deixa-me abraçar
A noite que te corrói

Deixa este meu sol
Penetrar-te a melancolia
Reverter em lençóis de ouro
O mar gelado que te aprisiona

Esta manhã
O teu azul acordou diferente
Adormecido pelo silêncio
Seco pelo deserto...

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Autor: Ruinzolas
Blogue: http://palavraformacirculo.blogspot.com/

sábado, 19 de julho de 2008

"ANJO AZUL"

Eu não sei quem ele é.Porém,todos os dias nos encontramos.
E ele me chega sorrateiro,sempre com um sorriso leve nos lábios.
Traz um olhar enigmático e firme que transmite ao meu a segurança de poucos.
Andamos lado a lado por uma esplanada.Ora em silêncio,ora sorrindo um para o outro,ora apenas desfrutando o momento.Para quê palavras?Se estamos juntos?

Quebrando então o vácuo fonético,ele convida-me para sentar e faz-me ouvir encantada as suas viagens,conta-me suas histórias que fornecem ao meu coração,a imunidade necessária para que eu possa avançar pelo mundo,sem pensar em suas mazelas.

Ah! e aqueles olhos negros?sempre fixos em mim,cheios de uma ternura incomum,observa cada expressão do meu rosto,como que querendo ler algo que talvez eu não estivesse claramente a expressar.

Espalmamos nossas mãos,num convite silencioso para continuarmos a andança com elas unidas.E partilhamos neste caminhar,um olhar específico para a lua,que hoje brilha cheia e intensa como nós.
Depois de bons momentos juntos,desfrutando desses pequenos grandes prazeres,ele se vai...da mesma forma que chegou.Ainda não sei quem ele é realmente e talvez nunca vá saber.

A única coisa que sei, é que ele é o mesmo que me veio,com suas asas quebradas.Molhado em pingos de uma chuva azul com pétalas de rosas vermelhas e envolto numa nuvem branca como algodão.

E eu sei que ainda o amo muito ou bastante em mim.

Mas,não sei quem é,pois eu nunca o vi concretamente,apenas imagino e... sinto.
Sinto todos os dias,sinto sempre.E ele é... o meu...anjo.
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Autora: Kátia (a ouvir "Anjo Azul" de Pedro Abrunhosa)

Blogue: http://www.prateteraqui.blogspot.com/

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Perfil

Perfil ______________________
a 28 de Junho foi recortado o meu melhor lado em menos de três minutos à saída do Foro Romano, em Roma. Lamento não poder partilhar o nome do artista, mas com o entusiasmo da conversa esqueci-me de lhe perguntar o nome.

sábado, 12 de julho de 2008

azul cor de Céu


Naquela madrugada o dia acordou ensonado. Bocejou e deixou-se estar. Ao despontar da manhã espertou do seu sono e espreguiçou-se por breves momentos para espantar a preguiça que insistia em querer ficar. Quando finalmente terminou o seu exercício matinal já o sol raiava.
Depressa escondeu as dispersas almofadas brancas, que por ali ainda andavam perdidas e num ápice vestiu o Céu com um infinito manto azul. Era de um azul tão azul como o azul cor de Céu!
Como o Céu já estava devidamente apresentável, o dia deixou-se ficar quieto e sossegado. O tempo que continuasse a fazer o resto!
O tempo deixou a manhã passar e a tarde chegou. Contudo, a tarde não gostou do tom de azul que a manhã lhe deixara e pintou outra demão de azul no manto que a cobria. O dia não interviu e deixou que a tarde pincelasse a sua tarde com um azul cor de Verão e de mar.
Ora, era bem verdade que o mar estava longe, mas deixava-se sempre tocar pelo Céu no horizonte! E aí o dia também não se metia!
Com o passar do tempo, o tempo deixou passar a tarde e a noite chegou. Já o dia adormeceu e a noite, a noite enegreceu o manto azul.
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Nota1: Estas palavras marcam o final do desafio.
Por uma razão especial, desta vez os concorrentes não irão a votos. Como não há vencedores, nem vencidos fico aguardar a morada de todos os participantes na minha caixa de e-mail, para que eu possa enviar a prenda de cada um. Esta é a minha surpresa para os cinco que aceitaram o desafio. Obrigada a todos.

Nota2: A pedido de muitas famílias informo todos aqueles que ficaram de fora, mas com imensa vontade de participar, que podem enviar, durante a próxima semana, o texto ou poema. Será um extra-desafio, que terei muito gosto em receber na minha caixa de e-mail e publicar no tonsdeazul.
Beijos e abraços!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Azul 5 | "Esferas e Camadas"

Pouco me falta para adormecer e gosto de pensar nos sonhos como esferas e nas cores como camadas.
Todo o corpo parece entorpecido à excepção dos olhos, que tentam mover-se no contorno dos objectos por aqui espalhados. Mesmo este gesto é lânguido e tão rápido enfraquece quanto é mais certa a ignorância, à medida que foco o meu pensamento na mais pequena forma.
É aqui que tudo se vai arredondando, como gotas que caem e permanecem na suspensão do tempo. E, sem saber como, estas começam a juntar-se e a formar uma espécie de globo.
O horizonte solta-se, alongando-se, na mais primária de todas as formas: um campo aberto ao infinito relativo de uma camada só. Das cores primitivas, só o azul me passa diante dos olhos, já fechados. Neste meu campo não se formam nuvens ou ondas. Não passa por ele qualquer corpo para além da tal esfera, de gotas, de uma chuva remota.
Não sei que esfera é esta. Tratá-la como um sonho é subtrair realidade à teimosia dos que nela pensam. Ignorá-la é não aceitar o prato que nos pesa a leveza do coração. Não, não conheço a minha própria esfera…
…e não a conhecendo e sendo minha, aqui termino, no contentamento que se funde com o disfarce do dia seguinte.
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Autor: Carteiro
Blogue:
http://selosdifusos.blogspot.com/

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Azul 4 | "UMA TARDE NO JARDIM"

O bebé estava deitado no berço, observando atentamente como os seus minúsculos dedos conseguiam movimentar aquela pequena bola azul. Apertava-a, abocanhava-a, rodopiava-a, fascinado com aquela recente descoberta.
Uma pequena sombra acercou-se do berço, e empoleirando-se num banco, espreitou lá para dentro. O rapazito via com curiosidade a brincadeira do bebé, que sorria, encantado. Que mistério teria aquela pequena esfera, para o irmão estar tanto tempo entretido com ela? Retirou-lhe o brinquedo!
Os primeiros protestos, em forma de vagidos, depressa foram abafados pela milagrosa chucha, que lhe foi colocada nos lábios rosados, em jeito de sucedâneo. Adormeceu.
O catraio agora virava a bola e remirava-a tentando perceber a sua serventia. Atirara-a ao chão, não saltara. Atirara-a ao ar, não a agarrara. A solução da incógnita da bola azul parecia cada vez mais longe de alcançar...
Surgiu então perto de si um rapaz mais crescido, que lhe arrancou a esfera das mãos e a pontapeou inúmeras vezes, até ele supôr que era capaz de ser divertido. Se o deixasse jogar, está claro, o que não foi o caso! Estendeu-se na relva macia e, sem bola ou companhia para brincar, as pálpebras venceram a batalha contra o sono e dormiu.
Algum tempo depois, quando preparavam o regresso a casa, a bola foi encontrada num canteiro: suja, molhada, disforme, multicolorida.
Quiseram pô-la no lixo!
Mas um rapazito de 3 anos insistiu que ninguém podia deitar fora a bola do mano...
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Autora: Teté
Blogue:
http://pequenoquiproquo.blogspot.com/

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Azul 3 | "Tu não me perdeste"

Nunca te disse que foi a rosa dos ventos,
Ainda eu era um doente das palavras,
Que me disse onde estavas tu.

E eu fui atrás de ti,
Pelo sul,
Pelo norte,
Pelo nascente e poente,
Sempre de rosa na mão.

Quando te encontrei,
Já a rosa era azul. E como vento nem vê-lo,
Mandaste-me embora.

Só me posso ter perdido algures no noroeste.
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Autor: Fernando Pessoa
Blogue:
http://oblogdos5pes.blogspot.com/

terça-feira, 8 de julho de 2008

Azul 2 | "Deitado num muro"

Não penso muito, deixei-me disso.

Passo despercebido no desconforto de admitirem que existo.
Sou interpretado por quem ainda repara em mim, talvez pela inconveniência do meu cheiro, ou pelo espanto de tal existência. A minha.
Vou existindo no meu mundo, onde os conceitos têm muitas vezes o significado oposto do daquele onde deposito o meu peso. Lixo é bom. É onde como, me visto e me abrigo. E isto é só um exemplo.
Durmo num qualquer banco de jardim; um ritual imposto pela ordem dos dias, do tempo. Acordo com os jactos de água dos lavadores de rua. Vivo (vivo?) em estagnado sobressalto, lânguido e despojado. Afinal o que sinto? Não me lembro. Poucos são os momentos em que me martirizo com a lucidez. Habituei-me, simplesmente. Penso que nem mereço mais. Há mais?

Este sou eu na mente de quem escreve sobre mim e me vê.

Habituei-me ao silêncio das minhas ideias. As palavras pouco significado têm... Um sibilo lembra-me que tenho fome. É o silêncio do costume...

Mas há um silêncio diferente... Agora. Sim, é nesta altura. Um silêncio que eu sinto, um que vem de fora. Que não peço, mas que me é dado. É nesta época... Agora.

Este silêncio que faz sentido, que me faz pertencer a algum lado. Afinal o Sol também se põe para mim. O céu azul despede-se em rosa e lilás ao som dos pássaros e da brisa que me afaga. (Há quanto tempo não me tocam?) Isto é para mim também. É um abraço. É morno e suave. Como o colo da minha Mãe.
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Autora: Humming
Blogue:
http://omeusussurro.blogspot.com/

Azul 1 | "Escrever sem querer"

Nunca sei o que escrever quando tenho que escrever,
Gosto mais de sentir do que dizer,
E sentir, mesmo sem querer…É escrever.
Hoje sinto, digo e escrevo.
Mesmo que as nuvens ocultem o meu céu dos sonhos e da inspiração,
Mesmo que seja noite e o escuro não seja em tons de azul
Eu vou sentir, dizer e escrever,
Porque hoje, mesmo sem te ver,
Eu sei sempre o que escrever…
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Autor: O autor
Blogue:
http://surrapa.blogspot.com/

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De regresso

Olá a todos!
Já estou de volta. Foi apenas uma semaninha de ausência para recuperar energias.
Quero agradecer a todos os que já enviaram a sua participação para o desafio azul e relembrar os mais desatentos que ainda podem participar até à meia-noite de hoje.
Continuo à vossa espera.
Beijos e abraços.

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