quinta-feira, 27 de agosto de 2009

... recordar...

Lisboa: Padrão dos Descobrimentos
«Aquele que quer recordar-se não pode ficar no mesmo sítio e esperar que as recordações se aproximem sozinhas! As recordações dispersaram-se pelo vasto mundo e é preciso viajar para as encontrar e retirar do abrigo!»
«Os Anjos», in O Livro do Riso e do Esquecimento, de Milan Kundera

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

“Um estranho na sociedade”

Agosto já está mesmo na recta final, mas não quero deixar passá-lo sem antes vos falar de mais um livro. Desta vez escolhi uma obra de Albert Camus. Fiquei indecisa na escolha, pois quanto mais conheço a obra deste autor, mais me apaixono por ela.
O Estrangeiro, de Albert CamusO Estrangeiro, «que revelou e consagrou definitivamente Camus como um verdadeiro “clássico” da literatura contemporânea», foi o eleito!

O romance O Estrangeiro está dividido em duas partes e conta a história de um homem cuja a mãe morreu. É o personagem enlutado, Sr. Meursault, que nos conta a sua história.

«Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: «Sua mãe falecida. Enterro amanhã. Sentidos pêsames.» Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.»

Meursault pede dois dias ao patrão, que torce o nariz, e desloca-se ao asilo para tratar do enterro da mãe. Enterra-a, não chora e apanha o autocarro de regresso a casa.
No dia seguinte, compreende o porquê do patrão ter mostrado um ar aborrecido… Era sábado! Como tem o dia livre decide ir à praia. Uma vez lá, encontra Maria Cardona, uma mulher que ele «desejara em tempos» e juntos, entre risos e gargalhadas, desfrutam de um dia de praia. Mais tarde convida-lhe para irem ao cinema ver uma comédia de Fernandel e após a sessão terminam a noite na casa dele.
No domingo nada se passa e segunda-feira vai trabalhar. De regresso a casa encontra-se com o seu vizinho Raimundo Sintès. No bairro não gostam muito dele, mas Meursault não tem motivos para não lhe falar.
Os dias vão passando normalmente até que Meursault vai com Maria passar um fim-de-semana à casa de praia de um amigo de Raimundo e acontece uma tragédia…

Já na segunda parte da história, encontramos o personagem na prisão. Começam a investigação e os interrogatórios ao caso; o julgamento e os depoimentos das testemunhas e Meursault vê o seu destino em jogo.
Toda esta parte da história é desconcertante e absurda, pois Meursault encontra-se sentado no banco dos réus, porque tinha matado um homem, mas não ia a ser condenado pela morte desse homem, mas sim por lhe ter morrido a mãe. Porquê?!

Para mim, esta frase define tudo: «Nas nossas sociedades, qualquer homem que não chorar no enterro da sua mãe arrisca-se a ser condenado à morte.»

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Girafas!

Lisboa: Jardim Zoológico
Há animais que encantam pelas mais diversas razões. Assim, há quem goste de cães ou de gatos, de golfinhos ou de focas, de avestruzes ou de camelos, de macacos ou de elefantes, de aranhas ou de formigas, de mochos ou de águias, de crocodilos ou sei lá mais o quê!
Eu adoro girafas, abelhas e gaivotas!
Abelhas, porque em miúda os meus caracóis (que já não existem) foram motivo para a famelga me chamar de Abelha Maia. Daí sempre tive uma enorme afinidade com estes insectos que polinizam dez flores por minuto.
Gaivotas, porque é em terras algarvias que as vejo a chegar e a partir, como as ondas do mar.
E as Girafas!? Pois as girafas... Finalmente as vi e ao vivo ainda são mais engraçadas!! O porte esbelto, a textura da pele, as pernas esguias e o longo pescoço, que tal como nós é composto por sete vértebras, sempre foram motivo para lhes achar imensa piada! Mas não me poderia esquecer da sua inigualável língua azul, que seria motivo mais do que suficiente para me conquistarem!
E ali fiquei eu no Jardim Zoológico de Lisboa (que só agora tive oportunidade de conhecer e para 125 anos de existência estão em excelente forma!) a observá-las com olhar de parola (com toda a certeza), a tirar-lhes imensas fotografias para mais tarde recordar e já nem queria ver mais animais, porque elas, as girafas já me tinham alegrado a manhã e o dia longe delas já não fazia até muito sentido.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Amália

Lisboa: Panteão Nacional
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
morreria no meu peito,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Perfeito o meu coração.
Perfeito o meu coração.


The Gift - Amália Hoje, Gaivota
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Fotografia: tirada à exposição Amália no mundo - O Mundo de Amália, que está patente no Panteão Nacional de Lisboa (Igreja de Santa Engrácia), até dia 15 de Setembro. Esta é composta por 150 peças e tem como objectivo mostrar a dimensão internacional de Amália. Aconselho vivamente a visita!

Pinturas populares (últimos 30 dias)