«Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as cousas como Deus.»
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as cousas como Deus.»
Passagem das Horas, Álvaro de Campos
A Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa tem patente até ao dia 29 de abril a exposição Fernando Pessoa, plural como o Universo. Com um custo de 4€ de entrada, esta pode ser visitada entre as 10h e as 18h, de terça a domingo.
Estudei exaustivamente Fernando Pessoa no secundário. Não havia outro poeta que me entusiasmasse tanto. Fascinava aliás qualquer um de nós pela sua pluralidade e criação! Tantos foram os poemas lidos e esmiuçados até mais não, que na hora do toque para a saída, ficava sempre a vontade de continuar a falar sobre este poeta que tanto tinha para nos dizer.
Não conheço toda a sua obra e mentiria se dissesse que sim. No entanto, sei que, muito embora goste de Fernando Pessoa, sempre o deixo pelo seu heterónimo Álvaro de Campos. Aquele que considero como sendo o génio, o futurista e o modernista. O senhor engenheiro naval de educação inglesa, que sempre se sentia estrangeiro em qualquer parte onde estivesse. O poeta das Odes e de Tabacaria, que sempre me maravilhou. Sem qualquer dúvida o meu preferido na versatilidade das palavras que nos confidencia.
Por estas razões e mais algumas não podia deixar de visitar esta exposição, que pretende dar a conhecer a multiplicidade da obra de Fernando Pessoa. Na primeira sala, encontramos caixas abertas onde podemos ler as breves descrições biográficas de Fernando Pessoa e seus heterónimos, juntamente com pequenos trechos poéticos de cada um deles. Na divisão seguinte, encontramos algumas pinturas e referência a outros autores da época. Depois podemos ver o percurso da vida do poeta num mapa cronológico e logo a seguir entramos num espaço onde a poesia pode ser lida às escuras. Daqui passamos a uma outra sala que contém alguns dos escritos originais do poeta, bem como uma mesa cheia de livros do autor e dos heterónimos, em português e em versões traduzidas, bem como outros livros sobre o poeta, que podem ser mexidos, lidos e relidos. Como não poderia deixar de ser, aproveitei para reler Tabacaria.
Se tiverem oportunidade de ir a partir das 14h30 dos dias 25 e 31 de março e 22 de abril poderão ainda assistir, gratuitamente, a uma sessão de leituras encenadas. Eu estive na primeira sessão, dia 17, em que o tema foi A Cidade e contou com a participação dos atores Ivo Alexandre e João Reis. No dia 25, o tema será Todos os casados do mundo são mal casados e terá a presença da escritora Inês Pedrosa. Os atores Albano Jerónimo e Carlos Pimenta estarão no dia 31, com A viagem Cósmica de Pessoa. Já o último dia contará com a participação do escritor Gonçalo M. Tavares e do ator Vítor Roriz, que terão como tema Pessoa "em pessoa".
Para quem não sabe e a título de curiosidade, esta exposição esteve inicialmente no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, e recebeu cerca de 400 mil visitantes. E os curadores são um norte-americano, Richard Zenith e um brasileiro, Carlos Filipe Moisés.
A exposição é interativa, cativante e está bastante interessante, pois permite que o visitante entre com os cinco sentidos despertos no universo de Fernando Pessoa. Está também muito bem concebida. Senti que consegue chegar aos diferentes públicos que a visitam e, surpreendê-los.
Uma viagem a não perder!
Se tiverem oportunidade de ir a partir das 14h30 dos dias 25 e 31 de março e 22 de abril poderão ainda assistir, gratuitamente, a uma sessão de leituras encenadas. Eu estive na primeira sessão, dia 17, em que o tema foi A Cidade e contou com a participação dos atores Ivo Alexandre e João Reis. No dia 25, o tema será Todos os casados do mundo são mal casados e terá a presença da escritora Inês Pedrosa. Os atores Albano Jerónimo e Carlos Pimenta estarão no dia 31, com A viagem Cósmica de Pessoa. Já o último dia contará com a participação do escritor Gonçalo M. Tavares e do ator Vítor Roriz, que terão como tema Pessoa "em pessoa".
Para quem não sabe e a título de curiosidade, esta exposição esteve inicialmente no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, e recebeu cerca de 400 mil visitantes. E os curadores são um norte-americano, Richard Zenith e um brasileiro, Carlos Filipe Moisés.
A exposição é interativa, cativante e está bastante interessante, pois permite que o visitante entre com os cinco sentidos despertos no universo de Fernando Pessoa. Está também muito bem concebida. Senti que consegue chegar aos diferentes públicos que a visitam e, surpreendê-los.
Uma viagem a não perder!
7 comentários:
Já vi a referência a esta exposição, noutros blogues e gostava imenso de a ver. Não sei se vai dar.
De todos os post que já vi, este é o mais esclarecedor e completo.
Gosto muito de Fernando Pessoa.
Bom fim-de-semana
Engraçado que eu ainda não vi uma única referência em blogues, Isabel. ;)
Acho que irias gostar. Principalmente se tivesses a oportunidade de ir num daqueles dias em que também há uma sessão de leitura encenada.
Obrigada. Tentei descrever e completar o máximo possível. :)
Fernando Pessoa é o teu preferido? Ou também o trocarias por um heterónimo?
Um excelente fim de semana!
Não conheço suficientemente bem cada um deles, nem sequer os mais conhecidos, para poder dizer. Gosto de tudo. Tenho vários livros dele e de alguns dos seus heterónimos, mas gosto de toda a poesia.
É ignorância minha, não saber escolher?
Dois blogues que já referiram a exposição foram o Prosimetron e o (In)Cultura. Estão ali de lado no meu blogue e são dois dos que visito diariamente. Já conheço a "dona" de um deles pessoalmente.
Um abraço
Obrigada, linda, por tão excelente informação.
"Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade."
(do teu preferido)
Bom fim-de-semana!
Claro que não, Isabel! Porque haveria de ser? Eu também gosto de toda a poesia do autor, independentemente de ser de um ou de outro. Só que identifico-me mais se for a de Álvaro de Campos, o meu coração bate mais forte. ;)
Obrigada pela info vou dar uma cuscada até lá.
Um abraço!
De nada, Teresa Dias. :) E obrigada também pela partilha de mais palavras bonitas. Sim reconheci-as como sendo dele. E tu também não tens um preferido?
Parece que o fim de semana deste lado vai ser chuvoso...
Tive um liceu atribulado, com o 25 de abril pelo meio, "Os Lusíadas" nem cheguei a dar (não tenho muita pena, porque lembro-me de ser o terror maior das gerações anteriores andar a dividir as suas orações) e de Pessoa só uma passagem rápida, nada de reconhecer quem é quem nos heterónimos...
OK, é lacuna! Mas como nunca é tarde para aprender, lá passarei pela Gulbenkian. Dicas destas nunca são demais! :D
Beijocas!
Olha de "Os Lusíadas" pouco sei, Teté!
Não é coisa fácil, até porque Pessoa teve imensos heterónimos e não só aqueles que são mais conhecidos pelo povo! ;)
Se fores, depois conta a tua opinião.
Beijinhos
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