sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Próxima paragem... Porto
En route, Marie Desbons, França
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
Cidades
«Nada garante que Kublai Kan acredite em tudo o que diz Marco Polo ao descrever-lhe as cidades que visitou nas suas missões, mas a verdade é que o imperador dos tártaros continua a ouvir o jovem veneziano com maior atenção e curiosidade que a qualquer outro enviado seu ou explorador.»
«E já o Grão Kan folheava no seu atlas os mapas das cidades que nos ameaçam nos pesadelos e nas maldições: Enoch, Babilónia, Yahoo, Butua, Brave, New World.
Diz: - Tudo é inútil, se o último local de desembarque tiver de ser a cidade infernal, e é lá no fundo que, numa espiral cada vez mais apertada, nos chupar a corrente.
E Polo: - O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.»
As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino
______________Ilustrações: Ciudad del Arco Iris, Ciudad de los Vientos, Ciudad en las Nubes, Ciudad de las flores, Ciudad de la Música e Ciudades Eclipsadas.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Feliz Natal!
Greeting card, Laura Iorio, Itália
«- Sinto-me tão leve como uma pena, feliz como um anjo, alegre como um estudante em férias, aturdido como um homem ébrio. Feliz Natal para todos e Próspero Ano Novo! Olé! Olá! Olé!»
[...]
Um rapazinho endomingado passou por baixo da janela.
- Ó homenzinho, que dia é este?
- Hein? - disse a criança espantada.
- Que dia é hoje, meu rapaz?
- Hoje? Ora!, é dia de Natal!
"Dia de Natal!", disse para consigo Scrooge, "vamos, não o perdi; os Espíritos fizeram tudo numa noite; podem fazer tudo o que quiserem; certamente que podem!"»
«Canção de Natal», in Contos de Natal, de Charles Dickens
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Prendas de Natal
The Gift Machine, Robert Dunn, Reino Unido
«Mas quem está a bater à porta? Como aquele grupo ruidoso para lá corre e arrasta a jovem!... Ela ri por aparecer assim despenteada àquele que entra: é o pai dos gaiatos turbulentos que reconheceram a sua voz, e vem acompanhado por um homem carregado de presentes de Natal. Oh!, quem salvará o transportador de todos esses presentes? Que assalto à sua pessoa! Um trepa por ele com a ajuda de uma cadeira, outro revista-lhe os bolsos; é a ver quem apanhará os embrulhos. Felizmente, em breve cada um tem o seu e o transportador pode esquivar-se.»
«Canção de Natal», in Contos de Natal, de Charles Dickens
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Inverno
«Vivi em constante Inverno,
sem uma ponta de Sol,
e em gélida escuridão
percorri ruelas de solidão.
Numa manhã ao acordar,
deparei-me com a Primavera,
e uma ponta de Sol rejuvenesceu o meu jardim,
que tinha sido queimado com a geada,
com a mesma intensidade, com que eu nunca fui amada.
No momento em que o Verão bateu-me à porta,
acabaram-se-me os desamores,
porque trouxera o brilho dos teus olhos azuis,
e o Sol que prometera bronzear todos os amores.
Mas a ilusão foi companheira do Outono,
e na minha vida surgiram sem demora
e sem ambiente calmo,
lágrimas escorreram pela minha face,
como folhas desavindas, ao caírem de uma árvore.»
As minhas quatro Estações, Carla Costeira
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Cinco anos a pintar em...
ilustração: phermad
O tonsdeazul hoje está de parabéns. Tem uma mão cheia de anos!
Deixei de conhecer virtualmente a minha amiga Teté. Agora conheço-a mesmo em pessoa. A oportunidade surgiu e pronto, conheci uma mulher fantástica, que é tudo aquilo que mostra ser no seu blogue e muito mais. Para ti, muitos beijinhos. ^.^
Vi menos cinema este ano, mas registo três filmes que valeram realmente todos os minutos.
Concertos foram alguns, mas destaco dois como os que tocaram cá dentro. O terceiro dia do Alive, com Pearl Jam e o concerto de Rodrigo Leão & Cinema Ensemble.
Quanto a teatro aconselho mesmo a peça O Senhor Puntila e o Seu Criado Matti de Bertolt Brecht, que ainda está em cena até 30 de Janeiro de 2011. É divinal! O Miguel Guilherme é do melhor, não retirando mérito aos outros actores. Os cenários estão muito bons e a composição musical ajuda abrilhantar o que já está brilhante.
Finalmente chego aos livros. 102 livros lidos este ano. 47 lusófonos e 55 estrangeiros. Tal como o ano passado, não foi fácil fazer uma selecção. Daí optei por dividi-los em categorias.
Termino com beijinhos e abraços.
O tonsdeazul hoje está de parabéns. Tem uma mão cheia de anos!
Este ano já pintei mais do que nos anos anteriores. Deve ser um sinal de que irei continuar por aqui por mais uns tempos. ^.^
Como o ano está a chegar ao fim, vou aproveitar, mais uma vez, o aniversário do tonsdeazul para vos falar de pequenos momentos que marcaram o ano de 2010.
Deixei de conhecer virtualmente a minha amiga Teté. Agora conheço-a mesmo em pessoa. A oportunidade surgiu e pronto, conheci uma mulher fantástica, que é tudo aquilo que mostra ser no seu blogue e muito mais. Para ti, muitos beijinhos. ^.^
Vi menos cinema este ano, mas registo três filmes que valeram realmente todos os minutos.
Toy Story 3 de Lee Unkrich. Fiquei rendida a estes personagens. Agora tenho mesmo de ver os dois anteriores, porque confesso que apesar de adorar filmes de animação, estes nunca me tinham convencido.
O Segredo de Seus Olhos de Juan José Campanella. Tinha votado no francês, Um Profeta de Jacques Audiard, como melhor filme estrangeiro, mas depois de ver este argentino mudei claramente de ideias. Simplesmente brilhante! Daqueles filmes que nos deixam sem palavras. Depois de sairmos da sala de cinema, ficamos longos minutos a digerir todas as emoções e pensamentos.
O Amor é Melhor a Dois de Dominique Farrugia e Arnaud Lemort. Uma excelente comédia romântica, que tive a oportunidade de assistir na 11ª Festa do Cinema Francês. Cada pessoa tem a sua forma de sonhar com o encontro perfeito, com o momento em que vai encontrar a tal pessoa… Maravilhoso!
Concertos foram alguns, mas destaco dois como os que tocaram cá dentro. O terceiro dia do Alive, com Pearl Jam e o concerto de Rodrigo Leão & Cinema Ensemble.
Uma música que marcou o meu Verão e fará parte dos meus dias azuis: Estrela do Mar de Jorge Palma.
Quanto a teatro aconselho mesmo a peça O Senhor Puntila e o Seu Criado Matti de Bertolt Brecht, que ainda está em cena até 30 de Janeiro de 2011. É divinal! O Miguel Guilherme é do melhor, não retirando mérito aos outros actores. Os cenários estão muito bons e a composição musical ajuda abrilhantar o que já está brilhante.
Finalmente chego aos livros. 102 livros lidos este ano. 47 lusófonos e 55 estrangeiros. Tal como o ano passado, não foi fácil fazer uma selecção. Daí optei por dividi-los em categorias.
Literatura Lusófona:
- O ano da morte de Ricardo Reis de José Saramago
- o remorso de baltazar serapião de valter hugo mãe
- A Capital de Eça de Queirós
- Livro de José Luís Peixoto
- O Evangelho do Enforcado de David Soares
- O Evangelho do Enforcado de David Soares
- As mais belas coisas do mundo de Valter Hugo Mãe (livro infantil)
Não menos importantes, refiro ainda: O Dia dos Prodígios de Lídia Jorge, O Alienista de Machado de Assis, As Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira, Parábola do Cágado Velho de Pepetela, Os Livros Que Devoraram o Meu Pai de Afonso Cruz, O Sétimo Véu de Rosa Lobato de Faria e O Fio das Missangas de Mia Couto.
Literatura Estrangeira:
- Crime e Castigo de Fiódor Dostoievski
- A Quinta dos Animais de George Orwell
- A Quinta dos Animais de George Orwell
- O Deus das Moscas de William Golding
- Os Irmãos Tanner de Robert Walser
- A Papisa Joana de Donna Woolfolk CrossTambém não menos importantes: Desgraça de J. M. Coetzee, A Mancha Humana de Philip Roth, O Monte dos Vendavais de Emily Brontë, Siddhartha de Hermann Hesse, O Físico de Noah Gordon, Revolutionary Road de Richard Yates e Os Filhos da Meia-Noite de Salman Rushdie.
Poesia:
- Eneida de Virgílio
- a verdade dói e pode estar errada de João Negreiros
- a verdade dói e pode estar errada de João Negreiros
- Quando fui outro de Fernando Pessoa (Antologia da autoria de Luiz Ruffato)
- Há Prendisajens com o Xão de Ondjaki - Raiz de Orvalho e Outros Poemas de Mia Couto
Para trás ficaram muitos outros, mas destes 102 não houve assim nenhum mau ou algum que tivesse sido colocado de lado. Houve sim algumas histórias que me souberam a pouco, mas apenas por esperar um pouco mais do que aquilo que encontrei.
Termino com beijinhos e abraços.
________________
Adenda: Havia dois prémios azulados a entregar. Estes não foram mencionados aqui ontem, porque a tons de azul considera que ao mencioná-los retirava toda a espontaneidade a quem por aqui passasse. Assim agradeço a todos os que visitam o tonsdeazul e a todos os que pincelaram. Hoje informo que os dois felizes contemplados foram o Menphis e a N. Martins. Parabéns e aguardo um contacto vosso para poder enviar os prémios. ^.^
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Sonhos de Natal
Estrellas, Poly Bernatene, Argentina
«Scrooge voltou para a cama e retornou o curso das suas reflexões. Quanto mais pensava, mais se sentia embaraçado, e quanto mais embaraçado ficava, mais pensava ainda. O espectro Marley perturbava-o extraordinariamente. "Era apenas um sonho?... Oh!, sim, era um sonho!..." E, no entanto, bem podia repetir estas palavras que o problema continuava a apresentar-se-lhe ao espírito sempre na mesma e sempre insolúvel.
Scrooge permaneceu neste estado até o relógio dar os três quartos de hora, e então tornou a lembrar-se de que o espectro o havia avisado de uma visita ao bater da uma hora. Resolveu esperar, acordado, que a hora chegasse: que poderia fazer de melhor, considerando que lhe era impossível adormecer de novo?»
«Canção de Natal», in Contos de Natal, de Charles Dickens
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
"quais são para ti as coisas mais belas do mundo?"
«O meu avô sempre me dizia que a melhor parte da vida haveria de ser ainda um mistério e que o importante era viver procurando.
Eu sei hoje que ele queria dizer que a cada um de nós cabe fazer um esforço para ser melhor, fazer melhor, cuidar melhor de nós próprios e dos outros. A cada um cabe a obrigação de cuidar do mundo, porque o mundo é um condomínio enorme onde todos temos casa.
O meu avô queria dizer que não devemos ficar parados à espera de que algo aconteça. A magia de estarmos vivos vem da possibilidade de fazermos acontecer.»
Eu sei hoje que ele queria dizer que a cada um de nós cabe fazer um esforço para ser melhor, fazer melhor, cuidar melhor de nós próprios e dos outros. A cada um cabe a obrigação de cuidar do mundo, porque o mundo é um condomínio enorme onde todos temos casa.
O meu avô queria dizer que não devemos ficar parados à espera de que algo aconteça. A magia de estarmos vivos vem da possibilidade de fazermos acontecer.»
É assim que começa a história infantil As mais belas coisas do mundo, de Valter Hugo Mãe. Uma história que nos vem (re)lembrar o sabor das melhores coisas da vida.
Através de um jogo de perguntas e respostas, um menino é desafiado pelo seu avô a conhecer os mistérios da vida. O avô inventa um sem fim de enigmas, de modo a colocar o menino a pensar, a pesquisar e a procurar as soluções, que muitas vezes lhe levavam «a um doce, a um brinquedo, a um livro ou a um novo jogo.»
Nem sempre o menino conseguia descobrir a resposta, mas o avô esclarecia sempre as suas dúvidas e apesar de por vezes ficar frustrado, o menino sabia que «aprender [era] algo de progressivo.»
Até que um dia o avô lhe perguntou quais eram as coisas mais belas do mundo e ele não soube o que dizer...
Valter Hugo Mãe revela-nos uma outra vertente de contar histórias e também aqui nos consegue deliciar e conquistar. Neste livro para crianças e não só, as maiúsculas também têm direito a brincar com as minúsculas.
Um livro doce e maravilhoso, com ilustrações de Paulo Sérgio BEJu, para ler e reler e não deixar esquecer o que realmente importa.
domingo, 12 de dezembro de 2010
"o coração dela bateu depressa,...
L'albero dei cuori, Michela Galassi, Itália
... sentiu-o no pescoço, custou-lhe respirar"
«Se namorares comigo, dou-te um pombo, cem escudos e um livro.
Ilídio. Ela temia o que desejava. Tentou distinguir um cheiro por baixo do suor que repassava o papel. O amor, ela sempre sonhara com essa palavra, essa ideia. Agora podia começar a vivê-la. Escondeu o papel no louceiro.»
Livro, de José Luís Peixoto
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Músicas de Natal
Pelo City, A. Magaldi, Espanha
«E o nevoeiro sempre a aumentar, e o frio a tornar-se cada vez mais vivo, cada vez mais áspero e penetrante. Se o bom São Dunstan, patrono dos ferreiros, tivesse apertado o nariz do diabo com um frio tão mordente, em vez de servir-se do seu elemento familiar, o diabo gritaria com certeza a sério. O proprietário de um jovem nariz pontiagudo deteve-se a tremer em frente da porta de Scrooge para o regalar com uma balada de Natal mas, logo ao primeiro verso da introdução:
Deus o abençoe, alegre cavalheiro!
Scrooge pegou na régua que estava em cima da carteira com um gesto tão enérgico que o cantor semicongelado deitou a fugir aterrorizado, abandonando o buraco da fechadura ao nevoeiro e ao frio.»
«Canção de Natal», in Contos de Natal, de Charles Dickens
sábado, 4 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Cheiro a Natal
Esquimau, Jeremy Moncheaux, França
«Mas estou certo de ter, pelo menos, encarado sempre o Natal, de cada vez que ele apareceu, e à parte o respeito devido ao seu nome sagrado e à sua santa origem, se é que se podem separar estas coisas do Natal, sim, sempre encarei o Natal como um tempo feliz, um tempo de bem-querença, de perdão, de caridade, de boas relações; a única época que eu saiba em que, no longo calendário do ano, homens e mulheres parecem, num consentimento unânime, abrir os corações e pensar na pobre gente que lhes fica por baixo, como companheiros de viagem desta vida para outra, o que são de facto, e não como uma outra raça de criaturas visando um objectivo diverso. Deste modo, tio, embora o Natal nunca me tenha metido uma moeda de oiro ou de prata no bolso, creio que o Natal me fez bem e me fará bem. [...]
- Se ouço sair mais uma palavra da sua boca - disse-lhe Scrooge -, festejará o Natal com a perda do emprego.»
«Canção de Natal», in Contos de Natal, de Charles Dickens
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