O Historiador, de Elizabeth Kostova
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
"Bem-vindo ao grande mundo"
terça-feira, 23 de novembro de 2010
"When it comes to communication
anything is possible."
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
"os homens nunca se contentam"
Ando sempre à procura de descobrir novos autores. Não novos autores de serem novos na arte de escrever, mas sim novos para mim, que nunca lhes desvendei as suas formas de contar estórias! E este ano então a maioria das minhas leituras têm sido uma descoberta!
As Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira foi a última descoberta lida. Esta obra é uma aventura pegada e como a Isabel Maia bem referiu faz lembrar, sem dúvida, as aventuras mirabolantes de Alice no País das Maravilhas, de Carroll, As Viagens de Gulliver, de Swift e eu ainda acrescento que também me fez viajar até à trilogia Os Nossos Antepassados, de Calvino.
Pois como não poderia deixar de ser, João Sem Medo é o personagem principal destas aventuras. Tudo começa quando João Sem Medo cansado de viver em Chora-Que-Logo-Bebes, que era uma aldeia onde os infelizes choraquelogobebenses não faziam mais nada do que choramingar de manhã à noite, decide saltar o Muro. Este tinha sido «construído em redor da Floresta Branca onde os homens, perdidos dos enigmas da infância, haviam estalado uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos.» Nunca nenhum choraquelogobebense ousou saltá-lo e João Sem Medo estava a querer quebrar todas as regras, levando a sua mãe ao desespero, que berrava histericamente por não mais voltar a ver o seu rico filhinho.
E assim que João Sem Medo salta o Muro entra num mundo mágico e dá início a hilariantes e inacreditáveis aventuras, que acabam por desmistificar as histórias de Príncipes e Princesas, Dragões e Gigantes, Fadas e Bruxas Más. Sim as histórias das Fadas e das Princesas são aqui achincalhadas por João Sem Medo. Este não se deixa facilmente intimidar pelas forças enigmáticas e malévolas da Floresta Branca e com o seu ar trocista brinca ironicamente, com o “nosso” imaginário infantil. Acredito que o autor pretendia espicaçar-nos, para que não deixemos morrer a criança que existe em nós.
Para iniciar esta caminhada, João Sem Medo teve de escolher entre dois caminhos: o asfaltado ou o de pedregulhos. O bom caminho conduzia à felicidade, mas para isso João Sem Medo tinha que deixar de pensar:
«-Ninguém pode seguir o caminho asfaltado que leva à Felicidade Completa sem se sujeitar a este programa bem óbvio. Primeiro: consentir que lhe cortem a cabeça para não pensar, não ter opinião nem criar piolhos ou ideias perigosas.»
Ora claro está que João Sem Medo optou pelo caminho árduo! Ou não se chamaria João Sem Medo! E é nesta irreverência de ousar saltar o muro e de querer pensar por si próprio, bem como em outras partes da história que encontramos subtilmente a outra mensagem que este livro também pretendia passar. O que à primeira vista não deixa de ser um livro para crianças, é também ele uma mensagem irónica ao Portugal fascista, que vivia alienado e fechado sobre si mesmo e atrasado em relação ao Mundo.
Tudo é tão absurdo e tão bem conseguido fantasticamente por José Gomes Ferreira, que fiquei maravilhada com a sua capacidade efabulatória. Somos completamente transportados para estas aventuras onde habitam gramofones com asas, homens pássaros, meninas de pés ocos, que são feitas de fruta, pedras que têm bocas e tantas outras personagens. E somos também levados a viajar para terras onde todos diziam o mesmo, para outras onde tudo era às avessas, percorremos o deserto onde vimos o nosso herói a sacrificar-se todo para se alimentar, fomos parar à terra do príncipe de orelhas de burro, que se achava o homem mais bonito e a tantos outros lugares inimagináveis.
E assim, com este romance mágico, José Gomes Ferreira faz crescer em nós o João Sem Medo, aquele que salta o Muro e não tem medo de nada, porque carrega em si todos os sonhos do mundo, como o Poeta.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
"voo solitário"
Little Red Plane, de Karin Taylor, Austrália
«Ergueu os olhos para as estrelas, que luziam por cima da rota estreita, quase apagadas pelos letreiros luminosos, e pensou: «Esta noite, com os meus dois correios em voo, sou responsável por um céu inteiro. Esta estrela é um sinal que me procura nesta multidão e que me encontra: é por isso que me sinto um pouco estrangeiro, um pouco solitário.»
Voo Nocturno, de Antoine Saint-Exupéry
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Banco de Livros arranca hoje
Grimm Press, Marina Marcolin, Itália
«“A acção do Banco de Livros é um decalque do Banco Alimentar, mas em que o bem oferecido é um livro”, explicou a directora de Marketing das Livrarias Bertrand, Teresa Figueiredo, referindo-se a uma iniciativa que irá decorrer durante a época pré-natalícia, de forma a garantir que os livros doados são entregues às crianças mais desfavorecidas na época do Natal.
As Livrarias Bertrand prepararam um conjunto de livros que são recomendados e que “estão a preços muitos acessíveis”, assim como vales de dois euros que poderão ser adquiridos e depois doados.»
A iniciativa Banco de Livros é inédita em Portugal e irá decorrer até 5 de Dezembro, em todas as livrarias do grupo.
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Fonte: http://www.publico.pt/
sábado, 13 de novembro de 2010
«O Senhor Puntila e o Seu Criado Matti»
A peça O Senhor Puntila e o Seu Criado Matti, de Bertolt Brecht «é uma das comédias mais brilhantes deste dramaturgo». Estreou no passado mês de Outubro e estará em cena até dia 30 de Janeiro de 2011, na Sala Azul do Teatro Aberto, em Lisboa. Com encenação de João Lourenço, esta é composta por um elenco de 15 actores e três músicos, sendo que os principais papeis estão a cargo de Miguel Guilherme (senhor Puntila) e Sérgio Praia (criado Matti). A composição musical apresentada na peça foi criada pelo artista Mazgani e será interpretada ao vivo pelo elenco.
«Excepcional apreciador da bebida, Puntila sofre de dupla personalidade: quando está sóbrio é arrogante e egocêntrico, quando está ébrio é fraternal e compassivo. Oscilando entre ambos os extremos, ele surpreende e confunde tudo e todos, amigos, subordinados e desconhecidos.
Esculpida como uma parábola, contendo a riqueza de reflexões maiores sobre o poder, a justiça, a igualdade entre os homens e a dependência, mas também o louvor aos prazeres da vida e à natureza, esta peça encerra um potencial de consciencialização individual e social e uma actualidade histórica que será estimulante descobrir.»
Em palco de Quarta a Sábado às 21h30 e Domingo às 16h00.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
"dois nomes e duas identidades"
As Fogueiras da Inquisição, de Ana Cristina Silva deixaram-me com a curiosidade de ler algo mais sobre a personagem histórica Grácia Nasi ou Beatriz de Luna, seu nome cristão.
O blogue Destante e a editora a esfera dos livros proporcionaram-me esta oportunidade, uma vez que fui a feliz contemplada do concurso que oferecia um exemplar do livro Grácia Nasi, de Esther Mucznik.
Nesta obra, Esther Mucznik fala-nos da vida de Grácia Nasi, a judia portuguesa que nasceu e viveu no século XVI; uma época trágica para os sefarditas e cristãos-novos. Estes viviam num clima de medo e insegurança, que os obrigava a fugir de um país para o outro, de modo a evitar a fogueira. Como eram constantemente perseguidos pela Inquisição ficavam impedidos de praticar livremente a sua fé, tendo que a esconder no seio das suas famílias e das suas casas.
Grácia Nasi nasceu em Lisboa no ano de 1510. Como a sua família foi obrigada a converter-se, Grácia Nasi foi baptizada de Beatriz de Luna. «Cristã por fora, judia de alma», Grácia Nasi «aprende a ser fiel à religião antiga» e mantém o desejo de encontrar a tranquilidade para assim poder professar a sua fé às claras. Em 1528 casa-se com Francisco Mendes, mas vê cedo o seu marido partir. Viúva aos vinte e seis anos, Beatriz de Luna é obrigada «a assumir a gestão da imensa fortuna familiar, tendo à partida uma dupla dificuldade: era mulher e cristã-nova.» Contudo, é esta fortuna que lhe salva e lhe permite ultrapassar diversas situações adversas.
«Não sabemos como era Grácia Nasi. Mas podemos imaginá-la de cabelo escuro, elegante, um pouco austera, de porte altivo e ricamente vestida, como convinha a uma mulher poderosa e afortunada. Uma mulher de olhar firme e decidido, um pouco místico também, como o rosto marcado pelo peso da responsabilidade de administrar um império e de chefiar uma família, numa das épocas mais conturbadas da história judaica.»
Com a morte de Francisco Mendes, Grácia Nasi tem de fugir de Portugal devido às constantes pressões, tanto da Igreja, como do Rei, que lhe cobiçavam a fortuna. Desta forma, empreende uma viagem pela Europa até alcançar o Império Otomano. Pelo caminho, estabelece-se em Antuérpia, Veneza, Ferrara e entre outros lugares onde continua a desenvolver «os negócios familiares baseados no comércio da pimenta e especiarias, mas também do açúcar, vinhos […], pérolas, gemas e pedras preciosas.» e a ajudar principalmente os judeus sujeitos às perseguições. Foi essa compaixão e solidariedade para com «os seus irmãos de infortúnio» que «teceram o outro fio condutor da sua vida.»
Nesta biografia, Esther Mucznik presta homenagem a uma «mulher que ousou desafiar o destino a que a sua condição de mulher e cristã-nova a condenava.»
O blogue Destante e a editora a esfera dos livros proporcionaram-me esta oportunidade, uma vez que fui a feliz contemplada do concurso que oferecia um exemplar do livro Grácia Nasi, de Esther Mucznik.
Nesta obra, Esther Mucznik fala-nos da vida de Grácia Nasi, a judia portuguesa que nasceu e viveu no século XVI; uma época trágica para os sefarditas e cristãos-novos. Estes viviam num clima de medo e insegurança, que os obrigava a fugir de um país para o outro, de modo a evitar a fogueira. Como eram constantemente perseguidos pela Inquisição ficavam impedidos de praticar livremente a sua fé, tendo que a esconder no seio das suas famílias e das suas casas.
Grácia Nasi nasceu em Lisboa no ano de 1510. Como a sua família foi obrigada a converter-se, Grácia Nasi foi baptizada de Beatriz de Luna. «Cristã por fora, judia de alma», Grácia Nasi «aprende a ser fiel à religião antiga» e mantém o desejo de encontrar a tranquilidade para assim poder professar a sua fé às claras. Em 1528 casa-se com Francisco Mendes, mas vê cedo o seu marido partir. Viúva aos vinte e seis anos, Beatriz de Luna é obrigada «a assumir a gestão da imensa fortuna familiar, tendo à partida uma dupla dificuldade: era mulher e cristã-nova.» Contudo, é esta fortuna que lhe salva e lhe permite ultrapassar diversas situações adversas.
«Não sabemos como era Grácia Nasi. Mas podemos imaginá-la de cabelo escuro, elegante, um pouco austera, de porte altivo e ricamente vestida, como convinha a uma mulher poderosa e afortunada. Uma mulher de olhar firme e decidido, um pouco místico também, como o rosto marcado pelo peso da responsabilidade de administrar um império e de chefiar uma família, numa das épocas mais conturbadas da história judaica.»
Com a morte de Francisco Mendes, Grácia Nasi tem de fugir de Portugal devido às constantes pressões, tanto da Igreja, como do Rei, que lhe cobiçavam a fortuna. Desta forma, empreende uma viagem pela Europa até alcançar o Império Otomano. Pelo caminho, estabelece-se em Antuérpia, Veneza, Ferrara e entre outros lugares onde continua a desenvolver «os negócios familiares baseados no comércio da pimenta e especiarias, mas também do açúcar, vinhos […], pérolas, gemas e pedras preciosas.» e a ajudar principalmente os judeus sujeitos às perseguições. Foi essa compaixão e solidariedade para com «os seus irmãos de infortúnio» que «teceram o outro fio condutor da sua vida.»
Nesta biografia, Esther Mucznik presta homenagem a uma «mulher que ousou desafiar o destino a que a sua condição de mulher e cristã-nova a condenava.»
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
«Poema da despedida»
Entangled, Robert Dunn, Reino Unido
«Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo»
in Raiz de Orvalho e Outros Poemas, de Mia Couto
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A Mesquita Azul
Mesquita Azul e Mesquita Sofia, Istambul
A Praça de Sultan Ahmet é o coração da parte antiga de Istambul. É no bairro de Sultanahmet que nos deparamos com os lugares de maior interesse e entre eles encontra-se a Mesquita Azul (Sultanahmet Camii). Esta é das mesquitas mais bonitas que visitei ou não fosse ela azul! E é conhecida por Mesquita Azul basicamente devido à sua cor azul e verde, que predomina nas paredes e cúpulas.
A Mesquita de Sultan Ahmet é a única mesquita com seis minaretes em toda a cidade e na Turquia. Daí ter surgido uma lenda em volta dos minaretes.
Conta-se que o Sultão Ahmet I pediu ao arquitecto, Mehmet Aga, um minarete de ouro. Só que a forma de pronunciar "ouro" é muito idêntica à de "seis". Assim, dizem que o arquitecto fingiu não perceber e construiu seis minaretes em vez de um em ouro, pois este era bem mais caro.
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Fonte: Istambul - Berço de Civilizações, MERT Basim Yayincilik Dağitim ve Reklamcilik Tic. Ltd Şti.
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