domingo, 12 de setembro de 2010

"sois o que não sereis; o que sereis não é o que sois"




Devo confessar que estou com uma enorme expectativa para ver a adaptação para cinema do romance de Donna Woolfolk Cross, A Papisa Joana. Ao que parece esta produção alemã de Soenke Wortmann está muito boa!

A Papisa Joana, de Donna Woolfolk Cross
Enquanto aguardo pela estreia, 16 de Setembro, aproveito para vos falar do livro. Este romance histórico passa-se no Século IX e fala sobre a vida de Joana, uma mulher que ascendeu ao mais alto cargo da igreja católica. Para uns esta personagem foi histórica e para outros apenas lendária, sendo até considerada fictícia para a maioria dos historiadores! O que é certo é que a história não deixa de ser curiosa e apaixonante e sinceramente não vejo mal algum em ter existido na História episcopal uma Papisa. Por isso, acredito que esta foi mais uma das que foram ocultadas pelo poder papal.

A Papisa Joana é um livro envolvente, que depois de começado já não dá mesmo para parar. Toda a descrição da época e a forte caracterização da personagem principal deixa-nos como que ansiosos por querer saber aonde tudo irá terminar.
Joana é filha de um inflexível cónego inglês e de Gudrun, uma mulher que foi obrigada a converter-se ao catolicismo e a deixar para trás as suas raízes saxónicas. Para além disso tem dois irmãos mais velhos, Mateus e João.
Desde tenra idade que Joana se vê obrigada a passar por grandes privações e dificuldades, pois a época não era propícia para as mulheres. Assim, até chegar à idade adulta teve sempre de lutar para se afirmar e conseguir tudo aquilo que mais queria, aprender a ler e a saber cada vez mais. Só que a instrução estava vedada às mulheres e Joana não encontrou outra forma senão ir aprendendo às escondidas, ora com a ajuda do irmão Mateus, ora sozinha e mais tarde com Asclépios, um grego que passou a ser o seu tutor, contra a não muita vontade do pai, que preferia que esta instrução fosse dada apenas ao seu irmão João, já que Mateus tinha morrido.

À medida que vai adquirindo mais conhecimento, Joana vai também ela colocando em causa muitas questões, incluindo as suas crenças e Deus. Numa época onde uma mulher apenas podia aspirar a ser esposa e mãe, Joana não aceitava, nem se conformava com uma vida assim! Aliás era até uma péssima fada do lar! Com a sua persistência consegue também ela, e não só o seu irmão João, um lugar na Escola da Catedral. E é aí que conhece o amor, Geraldo, o conde de Villaris. Só que entretanto a sua vida segue outro caminho e Joana passa a viver sob o disfarce de um monge, João Anglicus. Apercebe-se que passando a viver como homem seria livre para agir e pensar. Dedica-se então à arte medicinal e é através desta arte, que chega a Roma. Aí passa a conviver de perto com o poder, a intriga, o fanatismo, a intolerância e a conspiração, mas Joana continua firme e fiel às suas convicções.

«A incongruência do altar sagrado e da sua base pagã pareceu a Joana um símbolo perfeito da sua própria condição: padre cristão, continuava a sonhar com os deuses pagãos da sua mãe; um homem aos olhos do mundo, era atormentada pelo seu coração secreto de mulher; em busca da fé, vivia dividida entre o desejo de conhecer Deus e o medo de que Ele não existisse. Mente e coração, fé e dúvida, vontade e desejo. Será que as dolorosas contradições da sua natureza alguma vez se resolveriam?»

Tudo vai acontecendo rapidamente até ao momento que Joana, como João Anglicus, é eleita Papa, no ano 853. Mas o amor por Geraldo, que a reencontra e acompanha entretanto, acaba por atingir contornos inesperados e as coisas podem terminar de maneira diferente. O melhor mesmo é descobrirem esta «mulher brilhante que não aceita as limitações que a sua época, profundamente misógina, lhe impõe e, armada de uma inteligência esclarecedora e de uma força de carácter inquebrantável, conquista o mais elevado poder religioso.»

Um poderoso romance histórico, com uma personagem, sem dúvida alguma, memorável!
Refiro ainda que gostei muito das explicações finais da autora, pois esclarece muitas das dúvidas que entretanto me foram surgindo ao longo da leitura.

7 comentários:

Paula disse...

Como te disse anteriormente adquiri este livro há bem pouco tempo, e já passou para primeiro lugar na pilha de livros :)
Segundo a tua opinião, este é um romance a não perder e eu não o vou perder :P
Abraço e obrigado pela partilha :D

N. Martins disse...

Ainda não li uma crítica menos boa a este romance. Já estava na minha lista, mas vai ter de subir uns lugares. :)

Guerreiro disse...

Olá,
Não sabia que este magnifico e inesquecivel livro acabou de ser adaptado para o cinema, fiquei tão entusiasmado e bastante desejoso de o ver já! Também acredito que a Papisa Joana tenha existido, pois caso esta história não fosse verdadeira, não seria inventada. Este tipo de boatos não se inventa. Não concordas? Portanto, tem que ser verdadeira. Até dizem que o papado eliminou algumas provas que indicavam a sua existência! Joana foi uma PAPISA magnfica! Não vejo por que razão não pode uma Mulher ser PAPISA? Bem, que chega depressa este filme aos cinemas Portugueses! ;-)
Bom domingo com deliciosas leituras!
Beijinhos

Jojo disse...

Eu amei este livro! Joana é inesquecível! E claro como já te disse, o final foi um mar de lágrimas! Mas mesmo assim um dos melhores livros que já li.

O filme está muito bom só achei que algumas mudanças no final retiraram um pouco da emoção do liro. Quando o veres vais perceber o quero dizer.

susemad disse...

Paula fazes bem em passá-lo para cima da pilha, pois tenho a certeza que vais gostar imenso deste romance e por isso não corro risco algum de o contrário acontecer! :p


Sim é melhor subires, N. Martins! Não quero que fiques muito tempo sem conhecer esta magnífica história! ;)


Eu estava ansiosa por esta adaptação, Guerreiro, o devorador de livros! Quando li o livro no início deste ano andei a pesquisar mais sobre esta personagem e descobri que este filme tinha sido realizado o ano passado. :)
Quanto à igreja católica... Haverá sempre coisas que nunca se entende porque as fazem assim! Esta é apenas mais uma da lista!


Vou então aguardar pela estreia, Jojo! E espero que passe por uma das salas dos algarves!!
Depois conto-te o que achei do final! ;)

maguy disse...

Já vi este filme e, apesar de ser um pouco longo, é uma excelente adaptação desta obra de excelente qualidade!

Cartas a Si disse...

Eu tenho o livro e adorei lê-lo. Desconhecia a existência desta adaptação ao cinema, mas vou tentar ir vê-la ao cinema. Obrigada por tê-lo publicado no seu blogue.

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