quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

“Sob a cúpula do Panteão”

Panteão, Paris

«Despertou-se um diálogo, preciso e apático, entre um rapaz de óculos e uma rapariga que infelizmente não os tinha.
“É o pêndulo de Foucault”, disse ele. “A primeira experiência na oficina em 1851, depois no Observatoire, e a seguir sob a cúpula do Panthéon, com um fio de sessenta e sete metros e uma esfera de vinte e oito quilos. Por fim, desde 1855 está aqui, em formato reduzido, pendendo daquele buraco, no meio do cruzeiro.”
“E para que serve, está suspenso e mais nada?”
“Demonstra a rotação da Terra. Como o ponto de suspensão permanece imóvel…”
“Permanece imóvel porquê?”
“Porque um ponto… como hei-de dizer?… no seu ponto central, repara bem, todo o ponto que estiver precisamente no meio dos pontos que tu vês, bem, esse ponto – o ponto geométrico – tu não o vês, não tem dimensões, e o que não tiver dimensões não pode ir nem para a direita nem para a esquerda, nem para cima nem para baixo. Portanto não gira. Percebes? Se o ponto não tiver dimensões, nem sequer pode girar à volta de si mesmo. Nem sequer se tem a si próprio…”
“Nem mesmo se a Terra gira?”
“A Terra gira mas o ponto não gira. Se te basta é assim, se não, vai-te lixar, está bem?”»

O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco

4 comentários:

Fabulosa disse...

nunca li o livro, mas já estive ali, na imagem, com alguém que me explicou essa coisa chamada pêndulo de Foucault! :)

Teté disse...

Olha, aí está um livro que nunca consegui ler. É que não entendi patavina das primeiras 30 páginas...

Desisti, sem volta a dar, mas gostei de outros livros dele: "O Nome da Rosa" é a minha cara...

Beijocas!

Sandra Dias disse...

Adorei o final deste excerto!
Sandra
http://vidasdesfolhadas.blogspot.com/

Nelson Martins disse...

Para o pessoal interessado na parte física:
http://en.wikipedia.org/wiki/Foucault_pendulum

Cumprimentos.
Nélson

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