quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Faro | 12ª Festa do Cinema Francês

Está quase a chegar aos algarves a 12ª Festa do Cinema Francês. Após ter passado pelas cidades de Lisboa e Almada, encontra-se a partir de hoje no Porto e Guimarães até dia 23, chegando a Faro no dia 22 e aqui permanecerá até ao dia 30 de Outubro. A festa despede-se em Coimbra, entre os dias 2 e 8 de Novembro.
O Teatro das Figuras será mais uma vez o anfitrião e abrirá as suas portas para receber sessões diárias às 19h30 e 22h00. O custo normal de cada bilhete é de 3€. 
O programa completo pode ser consultado em http://www.festadocinemafrances.com/.

Gosto de festivais de cinema, confesso. E este francês já começa a ser uma tradição a não perder, principalmente por estar tão perto de casa. Mesmo assim como não poderei ir todos os dias, tive de fazer a minha selecção antecipada. São eles: 
Le Soupirant de Pierre Étaix  
«Um abastado casal parisiense começa a preocupar-se quando o seu único filho, um rapaz bem-parecido e inteligente, se dedica devotamente ao estudo da astronomia. Eles que o queriam ver casado, e até têm uma estudante sueca em casa que toca tão bem piano…» 

De Vrais Mensonges de Pierre Salvadori 
«Emilie (Audrey Tautou) recebe uma bonita, inspirada e anónima carta de amor. Deita-a fora mas de repente percebe que a carta poderia ser uma forma de ajudar a mãe (Nathalie Baye), deprimida desde que o marido a abandonou. Acaba por reenviá-la também anonimamente à mãe, envolvendo-as, assim como ao secreto remetente, o seu empregado Jean (Sami Bouajila), numa série de equívocos e de mal-entendidos.»  

Le Dernier Vol de Karim Dridi 
«Em 1933, um aviador que tentava bater um record na ligação de Londres à Cidade do Cabo perde-se no deserto do Sahara. A sua intrépida companheira Marie (Marion Cotillard), também aviadora e aventureira, obstina-se a procurá-lo deserto adentro. Quando aterra junto de uma companhia militar francesa, a braços com uma rebelião tuaregue, desencadeia um conflito de hierarquia entre o capitão Vincent (Guillaume Marquet), que se recusa a ajudá-la, e o tenente Antoine (Guillaume Canet), que decide partir com ela.»

La Source Des Femmes de Radu Mihaileanu 
«As mulheres desta aldeia perdida entre o Norte de África e o Médio Oriente têm, desde sempre, que ir buscar água à fonte. Mas a fonte fica longe, a caminhada montanha acima é difícil e o sol queima… Até que Leila (Leïla Bekhti), uma rapariga recém-casada, decide que já é tempo de mudar as coisas. E propõe às outras mulheres uma estratégia para conseguirem que os homens façam tudo para levar a água canalizada até à aldeia onde já há telemóveis.»

sábado, 15 de outubro de 2011

"afinal de contas ele não passa de um negro"

«- O único sítio onde um homem deve ser tratado de forma justa é dentro de um tribunal, seja ele de que cor for, mas os homens acabam sempre por levar os seus ressentimentos para as cadeiras do júri. À medida que fores crescendo, e durante todos os dias da tua vida, vais ver sempre homens brancos a enganar homens negros, mas deixa que te diga uma coisa que nunca mais vais esquecer... sempre que um homem branco fizer algo a um homem negro, independentemente da sua natureza, posição, riqueza ou linhagem familiar, esse homem branco nada mais é senão lixo.»

Já tinha lido muitas opiniões acerca desta obra e todas bastante positivas. E mesmo assim a autora conseguiu surpreender-me com a sua narrativa de tom suave e inocente. 
Como se aborda o preconceito e o racismo sem repetir o que já foi escrito, falado e debatido? Harper Lee soube-o muito bem. 

Por favor não matem a cotovia passa-se em plena época da Depressão dos Estados Unidos, na pequena cidade sulista Maycomb. 
Jem e a sua irmã Scout são quem nos contam a história. É nas suas vivências diárias que vamos tomando conta de quem vive naquela cidade e como os vizinhos se conhecem uns aos outros. Ao longo dos seus dias de escola e aventuras com rebeldia, traquinices e peripécias de miúdos, os dois irmãos são confrontados com as más línguas dos colegas de escola e dos próprios vizinhos. Ao questionarem o seu pai, Atticus Finch, ficam a saber que este encontra-se encarregue de defender Tom Robinson, um homem negro, que tinha sido acusado de ter violado, Mayella Ewell, uma jovem branca de dezanove anos. 

A argumentação de Atticus era clara, Bob Ewell era o único culpado pelas nódoas negras que marcavam a filha, mas a cor de pele de Tom ditou a sentença ao júri e ao Juiz. Jem chora. «Lágrimas de raiva corriam-lhe em sulcos pelo rosto enquanto [tentava passar] pela multidão exultante.» Não era justo, sabia-o Scout. Mas parecia que eles eram os únicos naquela sala de tribunal que sentiram a injustiça da sentença. Só que Jem e Scout eram apenas crianças e logo logo iriam crescer e entender que os Homens não nascem todos iguais na sua liberdade. 
Miss Maudie, uma simpática vizinha, sabia que Atticus não ganharia a causa, mas também sabia que ele era o «único homem das redondezas que [podia] fazer o júri demorar a tomar uma decisão». Atticus Finch tinha sido o escolhido para fazer aquilo que as pessoas como ela não achavam certo, mas não tinham coragem de o dizer ou mostrar. 
As mentalidades estavam a mudar nesta comunidade conservadora. Jem e Scout eram os fios condutores para essa diferença. 

Harper Lee não complica. Se tudo é tão simples aos olhos das crianças, por que não ver e entender as coisas como elas? «Eu penso que só existe um tipo de pessoas. Pessoas.»  

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

gosto de pa-la-vras

Baleal, Peniche

«Gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos de fogo do verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como seixos, rugosas como pão de centeio. Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol.»
Poesia e Prosa, Eugénio de Andrade

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"A viagem não acaba nunca"

Praia de Monte Clérigo, Aljezur

«Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: «Não há mais que ver», sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, som sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para o repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»
Viagem a Portugal, José Saramago

domingo, 2 de outubro de 2011

tarde de cinema



Convido-vos para uma pequena matiné de 20 minutos. 
O Circo Borboleta é uma curta-metragem para sonhar e nunca deixar de acreditar que  tudo é possível. 

Pinturas populares (últimos 30 dias)