Os Irmãos Tanner, de Robert Walser é um livro de deambulações. Toda a história se centra em Simon Tanner, um jovem que foge das convenções impostas pela sociedade e leva uma vida indolente e vadia. Simon não consegue permanecer em nenhum emprego durante muitos dias, percorre inúmeras cidades e não se fixa em nenhuma delas, pouco ou nada se relaciona com os seus irmãos, mas mesmo assim é através dele que ficamos a conhecê-los. Klaus, o mais velho e ponderado, que exerce uma posição importante no mundo académico; Kasper, o artista que pinta quadros e com quem gostaria de viver; Hedwig, a professora solitária, que vive algures numa aldeia e Emil, o ideal de um homem jovem e bonito, mas que conduz o seu destino à infelicidade e ao manicómio.
No decorrer dos vários capítulos, Simon ora vagueia em longos monólogos, ora troca ideias, muitas das vezes contraditórias, com alguns dos seus irmãos e com as diferentes pessoas que vão entrando e saindo da sua vida. Neles vai deixando os seus estados de alma, as suas divagações sobre o passar do tempo, da vida, da natureza, da religião, da sociedade e neles vai prolongando a sua forma inútil de viver.
No entanto, talvez Simon seja apenas um sonhador livre e incompreendido por apenas querer vender a sua liberdade durante um certo tempo, ou seja, sempre que a necessidade o exige. Assim, é respeitado apenas por ele próprio, a busca do “ter estatuto” não lhe diz nada e quer continuar a ser uma pessoa, pois gosta do «perigo, do abismo, do incerto, do incontrolável».
No decorrer dos vários capítulos, Simon ora vagueia em longos monólogos, ora troca ideias, muitas das vezes contraditórias, com alguns dos seus irmãos e com as diferentes pessoas que vão entrando e saindo da sua vida. Neles vai deixando os seus estados de alma, as suas divagações sobre o passar do tempo, da vida, da natureza, da religião, da sociedade e neles vai prolongando a sua forma inútil de viver.
No entanto, talvez Simon seja apenas um sonhador livre e incompreendido por apenas querer vender a sua liberdade durante um certo tempo, ou seja, sempre que a necessidade o exige. Assim, é respeitado apenas por ele próprio, a busca do “ter estatuto” não lhe diz nada e quer continuar a ser uma pessoa, pois gosta do «perigo, do abismo, do incerto, do incontrolável».
«Eu, sou eu quem ofendeu o mundo. O mundo está diante de mim como uma mãe zangada e magoada: um rosto milagroso que me enlouquece, o rosto do mundo materno que exige expiação! Pago por tudo o que negligenciei, por tudo o que perdi ao jogo, por tudo o que perdi a sonhar, por tudo o que falhei e por tudo o que despedacei. Saberei reconciliar a ofendida, e depois, numa hora bonita e familiar da noite, contarei aos meus irmãos qual o meu segredo para andar de cabeça tão erguida. Pode levar anos, mas uma tarefa é para mim tanto mais fascinante quanto mais prolongada e difícil for a tensão das forças por ela exigida.»
Uma obra que prima por ter imensos parágrafos em que um leitor, como eu, não resiste a sublinhar para voltar a eles num outro dia ou até mesmo partilhá-los.
5 comentários:
Voltei a Düsseldorf, mas ainda estou tão taralhoca como o cardeal alemão do vídeo da Teté.
Quero voltar aqui para comentar este texto sobre o Robert Walser, escritor alemão, que muito aprecio.
Não conheço mas vou pôr na minha lista de livros a espreitar. :)
Nunca li nada dele, mas o facto de a sociedade acreditar que os homens devem seguir sempre certos padrões de comportamento não faz que cada um que não os siga seja mais feliz ou infeliz... ;)
Beijocas!
Vou esperar que a Ematejoca diga mais alguma coisa sobre este escritor alemão... :)
Comprei-o este fim-de-semana e foi esta tua opinião a responsável. :)
Ui! Que responsabilidade!! ;) Espero que gostes, N. Martins. É um livro de muitas deambulações, mas está muito bem escrito e Walser convence-nos a gostar deste Simon Tanner, sem recriminá-lo!
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