Contos do Nascer da Terra. Ao lermos um título assim só nos vem um nome à cabeça: Mia Couto. Há livros que podem ser lidos e relidos vezes sem conta que nunca perdem a sua essência. Este é um deles. Pois em cada palavra de Mia Couto encontramos sempre beleza e poesia. Em cada estória descobrimos pormenores que na primeira leitura tinham passado despercebidos. E depois há sempre aquelas palavras inventadas que nos soam sempre tão bem ao ouvido, que nos perguntamos se poderia haver outro criador para elas, que não fosse o Mia Couto.
Nesta obra, Mia Couto conta-nos 35 estórias cheias de cheiro, de encantamento e de nostalgia. A sua escrita tão característica enche-nos a alma de beleza e seduz-nos a cada palavra. Por isso, há que saborear lentamente estes contos do nascer da terra, sem pressas. E depois de lidos fica a vontade de voltar ao início va-ga-ro-sa-men-te.
«Na vida tudo chega de súbito. O resto, o que desperta tranquilo, é aquilo que, sem darmos conta, já tinha acontecido. Uns deixam a acontecência emergir, sem medo. Esses são os vivos. Os outros se vão adiando. Sorte a destes últimos se vão a tempo de ressuscitar antes de morrerem.»
"A filha da solidão"