sexta-feira, 18 de outubro de 2013

a EScaLADa

Buachaille Etive Mòr em Glen Etive, Escócia. Fotografia de Liefde

Tinha acabado de descer a Buachaille Etive Mòr. Sentia-se cansada. 

Não tinha sido tarefa fácil a subida e além disso não conseguiu escalar até ao topo. Porventura, uma pena. Muitos tinham sido os aventureiros que lhe ultrapassaram o passo, mas ela também não estava com pressa de chegar. Sabia que a sua preparação não era a deles. Por isso não quis arriscar chegar até ao cimo. Faltara-lhe um pedaçinho assim... Olhou um último momento para o cume já tão perto e, ainda ofegante, virou costas. Aproveitou para desfrutar da paisagem envolvente e respirar bem fundo para iniciar o caminho de regresso. 

Agora ali sentada contemplava a magnífica montanha que já tinha sido cenário de fundo de tantos e tantos filmes, incluindo o seu Braveheart de que tanto gostava. Olhando dali, Buachaille Etive Mòr já não lhe parecia enorme e traiçoeira. 

No silêncio, o banco do imenso jardim guardava a memória de três caminheiros: um pai, um filho e um amigo...

3 comentários:

Carlos Rocha disse...

A mim este texto vejo-o como uma metáfora para uma das formas de se estar na vida: não seguir o compasso alheio mas o seu próprio ritmo. Calmo e tranquilo conforme nos permitem o fôlego ou a paciência de lá chegar. Mas estar tão próximo de um qualquer destino e voltar costas entristece-me. Quando tão perto...

Susana Júlio disse...

Um passeio que se acompanha com palavras e um descanso que talvez seja o do guerreiro ou do caminhante que vem do passado.

E ficamos, também, contemplativos, nesse banco de jardim a olhar a montanha à nossa frente.

susemad disse...

:) Não é nada fácil voltar as costas ao final de algo a que nos propusemos alcançar. Principalmente quando se está tão próximo. Mas há também que saber fazê-lo, quando também temos consciência das nossas limitações.
Beijinhos meu amigo


Uma paisagem sem dúvida contemplativa, Susana! E até bastante nostálgica!
Beijinhos

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