segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

«Ilustrarte'12»

«Se eu fosse um livro, seria um imenso poema que oferecesse às palavras sentidos inesperados.» 
Se eu fosse um livro, José Jorge Letria e ilustração de André Letria

O
Museu da Electricidade, em Lisboa, recebe mais uma vez a exposição bienal Ilustrarte. Esta já vai na sua 5.ª edição e afirma-se como «um espaço de encontro e discussão da melhor ilustração para a infância internacional».

Concorreram à Ilustrarte, 1585 ilustradores de 69 países. O júri atribuiu o prémio ao ilustrador italiano Valerio Vidali. As imagens vencedoras ilustram o conto Um dia, um guarda-chuva de Davide Cali (editado em 2011 pela editora Planeta Tangerina). Simone Rea de Itália e Nina Wehrle & Evelyne Laube da Suiça receberam menções honrosas pelos seus trabalhos. 

A mostra conta com uma retrospetiva à obra de Martin Jarrie e com 50 trabalhos expostos, incluindo os três ilustradores acima mencionados. Itália, França, Espanha e Bélgica contam com uma forte presença na exposição. Sendo que, Portugal faz-se representar com a participação de André Letria, Bernardo Carvalho, André da Loba e Daniel Lima & Cátia Serrão.

Refiro ainda que, esta exposição prima pela originalidade. Gigantes mesas de cabeceira são o cenário para receber as maravilhosas ilustrações. Estas encontram-se em três gavetas, tendo um candeeiro a iluminá-las. 
Os visitantes são ainda convidados a desfrutar da leitura de inúmeros livros infantis que por lá se encontram ou a deixar as suas ilustrações no mural. Esta última iniciativa é dirigida para os mais novos.

De entrada livre, a exposição está a decorrer até ao dia 8 de abril, de terça a domingo, das 10h00 às 18h00. 




sábado, 25 de fevereiro de 2012

Já sabiam...

... que a próxima revista Volta ao Mundo terá o José Luís Peixoto na capa? 

(Ora grande coisa!) 

Não, não é só isso! Não irá ter apenas um artigo ou reportagem do autor. A revista do mês de março foi toda ela escrita por José Luís Peixoto. O autor andou pelo mundo para escrever esta revista que é também um livro. 
Miami, Pequim e Moscovo foram os destinos. Deste projeto resultaram quase 100 mil caracteres de texto, onde há lugar para 9 poemas inéditos. Será viajar ao sabor das palavras do autor. 
Hum... Algo me diz que vou adorar esta edição.


Quarta-feira, dia 1 de março de 2012

Aqui está a verdadeira capa! Ficou bonita, não ficou?
Sem José Luís Peixoto, mas com a sua essência: as palavras poéticas.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

«Freedom Dictionary»



Para assinalar o Dia de Ação Global sobra as Revoluções no Médio Oriente e Norte de África, a Amnistia Internacional Portugal lançou o desafio
Freedom Dictionary

A ideia é libertar palavras num dicionário online até atingir 155 000 palavras. 
Assim, basta escolher uma palavra em inglês e libertá-la nas redes sociais. Esta ficará associada à pessoa que a libertou e no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio) serão impressas 11 cópias do dicionário para serem enviadas a 11 países onde as revoluções ainda estão a decorrer. Na versão impressa irão constar os nomes de todos os que participaram, sendo que as palavras que não forem libertadas terão em seu lugar um espaço em branco.

Até ao momento já foram libertas 1769 palavras, mas ainda faltam muitas mais. 
Eu já libertei a minha. "Bridge" foi a palavra liberta. Libertem também a vossa palavra e participem nesta causa em http://www.freedomdictionary.org

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

“embriaguez”

Queria ler algo de James Joyce. Várias vezes esfolhei Ulisses, mas não me sentia com coragem para levá-lo para casa. Tinha receio de começar por essa obra. Então o Público, na sua Coleção Não Nobel – Autores Premiados Pelo Tempo, acabou por escolher por mim. Nesta coleção encontrava-se Gente de Dublin

Não fazia ideia que iria encontrar um livro com várias histórias, mas agora pensando bem no título, até faz todo o sentido. Ao que sei esta versão apenas engloba dez dos quinze contos da versão original, Dubliners. Esta leitura foi tão prazerosa e surpreendente, que quando soube deste facto, fiquei curiosa em ler os restantes cinco. 

Estava reticente em relação ao autor, mas as dúvidas dissiparam-se com a primeira história. James Joyce é genuíno e simples nas palavras que utiliza para escrever e descrever sobre as gentes da sua terra, que nem sempre o orgulham. Uma terra que passou a ter um cantinho especial no lado do meu sentir. Ler as palavras de Joyce foi regressar para aquelas ruas e calcorrear caminhos cheios de gentes, que ora estavam efusivas, ora encontravam-se melancólicas, ora estavam desgraçadamente sós, ora encontravam-se completamente expressivas. Foi sentir os cheiros e odores envolventes daquela cidade e daquele país tão caraterístico na sua hospitalidade irlandesa; gentes de pele branca e com cabelos cor de fogo, que idolatram os pequenos raios de sol, que sempre teimam em não aparecer. E que sempre têm um copo na mão para o “bota abaixo”. 

Em Gente de Dublin encontrei aquilo que tinha tido a oportunidade de conhecer, enquanto residente naquele país. Muito embora estas vidas sejam um retrato dos finais do século XIX, este conjunto de histórias descreve uma cultura muito própria; pessoas muito parecidas nos comportamentos, que têm nos seus genes caraterísticas idênticas; independentemente da sua geração, parecem ter sido concebidas com a mesma massa; conservadoras, com dualidade de sentimentos, mesmo aceitando a sua condição de vida; que se encontram nas suas raízes celtas e na religião, na confraternização da música e dos pubs, no apego à terra, mesmo quando desejam sair.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Irish Philosophy"

The gardens of the Blarney Castle, Ireland

«There are only two things to worry about
either you are well or you are sick.
If you are well, 
then there is nothing to worry about.
If you are sick,
There are two things to worry about.
Either you will get well or you will die.
If you get well,
There is nothing to worry about.
If you die,
There are two things to worry about.
Either you will go to heaven or hell.
If you go to heaven,
There is nothing to worry about.
But if you go to hell,
You'll be so damn busy shaking hands
with your friends,
You wont have time to WORRY!!»

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

“Fui intimada”

Hoje preferia não me ter encontrado de Herta Müller foi adquirido não só por a autora ter sido nobel em 2009 (esta minha mania com os laureados), mas também, e principalmente, pela bonita capa e pelo seu título tão melancólico. Por vezes, os livros anunciando este estado de alma têm de ser lidos na altura certa. Afinal de contas, para estados assim já temos os nossos dias menos bons! O que é certo mesmo, é que não resisti em trazê-lo para casa. 

O sentimento de melancolia descreve na perfeição esta obra de Herta Müller. Uma mulher, cujo o nome não ficamos a saber é quem nos conta a sua história. «Fui intimada. Quinta-feira, dez em ponto.» Assim começa esta narrativa, que se passa numa cidade da Roménia. Sempre que é intimada, situação cada vez mais frequente, esta mulher apanha o elétrico e faz o trajeto de sempre para ir ao encontro de mais um interrogatório com Albu, major da Polícia Secreta. Enquanto não chega ao destino, a mulher vai observando as pessoas que entram e saem nas paragens e as ações contínuas do guarda-freio. Como a viagem parece longa e tudo leva à sua distração, a mulher vê-se a recordar momentos da sua vida. Ora lembra histórias de um passado recente, como a felicidade atribulada vivida com o seu marido Paul, um homem que é atormentado pela bebida; ora salta para os momentos nervosos dos interrogatórios, com o major Albu. Por vezes retrocede mais atrás e relembra o primeiro casamento com um filho de um «comunista perfumado»; os momentos em que os avós passaram num campo de detenção e os da deportação deles e até as vivências de infância. Esta última lembrança é marcada pela tentativa de seduzir o pai, para que este deixe de trair a mãe, com uma loura de trança comprida. A amizade que tem com Lilli; a tentativa em casar com um italiano para que este a levasse para Itália, o dia a dia na fábrica de roupa chique e o relacionamento com o patrão, Nelu, são também instantes recordados nesta viagem, que parece não ter fim. 

As memórias da mulher sem nome remetem-nos para uma alienação da liberdade. Não só da mulher, como também de todos os que lhe rodeiam. Parece que todos se vigiam uns aos outros. Existe uma fragmentação do eu e do indivíduo enquanto personagem de uma sociedade. O presente é sem esperança e o passado trás recordações tristes e dolorosas. Apesar disso, assistimos a ligações que parecem resistir à desconfiança, como a amizade com Lilli e o amor por Paul. Se pesquisarmos um pouco sobre a autora, constatamos que esta obra bem podia ser biográfica. Estamos perante uma narrativa sem maquilhagem. Dura e real.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

«Fuga»


Já fazia algum tempo que não falava de teatro. 
E assim, cá estou eu para divulgar a próxima peça que não vou perder. Fuga estreou em outubro do ano passado e agora chega nos dias 10 e 11 de fevereiro ao Teatro das Figuras em Faro. 

Com encenação de Fernando Gomes e texto da autoria de Jórdi Galcerán, esta peça conta com a interpretação de Maria Rueff, José Pedro Gomes, Jorge Mourato, João Maria Pinto e Sónia Aragão. 

«Um ministro demite-se na sequência de um escândalo de corrupção, ficando com a carreira política destruída. A sua mulher foge com o jornalista que revelou o caso. O caos instalou-se na vida de Vicente Calado que considera tomar medidas definitivas quando uma vendedora ambulante lhe bate à porta. Uma mulher alegre e dinâmica com uma vida dura, que luta contra as adversidades diárias tornando-a diferente de qualquer outra mulher que conheceu. O seu encanto conquista-o, levando-o à paixão. Esta mulher não vem só e, de uma só vez, Vicente conhece um marido violento e infiel, um pai paralítico e mudo e uma prostituta. Juntos, transformam-lhe a vida, fazendo-o protagonista de uma série de incríveis situações. Uma comédia que apenas pode terminar de forma... surpreendente!»

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Dickens, uma criança "muito pequena e não muito mimada"

David Copperfield and his friend, Mr. Micawber, Reginald B. Birch, Inglaterra - EUA 

«Conheço agora bastante o mundo para me admirar muito do que se passa, mas mesmo presentemente fico surpreendido da facilidade com que fui abandonado em tão tenra idade. Parece-me extraordinário que ninguém interviesse em favor de um pequeno muito inteligente, dotado de grandes faculdades de observação, ardente, afectuoso, delicado de corpo e de alma; mas ninguém interveio e encontrei-me aos dez anos um pequeno servente a soldo de Mister Murdstone & Grinby.»
David Copperfield, Charles Dickens

Charles Dickens nasceu há 200 anos, no dia 7 de fevereiro. Para assinalar esta data, comecei a ler o clássico David Copperfield. Um desafio de 829 páginas que me irá ocupar, provavelmente, os próximos dois meses. Como já li outras obras do autor, considero que vai ser um desafio deveras encantador.
Agora pergunto eu... Será que vos consigo aliciar também para este desafio? Durante este ano, escolham uma obra e despertem os personagens criados por Dickens. 

O Câmara Clara dedicou o programa de domingo ao autor. Foi uma hora de conversa entusiástica e de confidências bastante interessantes. Se tiverem curiosidade podem (re)ver aqui

Caso estejam por Lisboa, não deixem de dar um saltinho à Biblioteca Nacional, que inaugura hoje a exposição biblio-iconográfica
Charles Dickens em Portugal. Esta é de entrada livre e estará patente na Sala de Referência até ao dia 10 março. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

you are more left or right?

Avnon Amichay/Y&R Interactive Tel Aviv, Israel 

Left Brain:
“I am the left brain. I am a scientist. A mathematician. I love the familiar. I categorize. I am accurate. Linear. Analytical. Strategic. I am practical. Always in control. A master of words and language. Realistic. I calculate equations and play with numbers. I am order. I am logic. I know exactly who I am.” 

Right Brain: “I am the right brain. I am creativity. A free spirit. I am passion. Yearning. Sensuality. I am the sound of roaring laughter. I am taste. The feeling of sand beneath bare feat. I am movement. Vivid colors. I am the urge to paint on an empty canvas. I am boundless imagination. Art. Poetry. I sense. I feel. I am everything I wanted to be.”

You can discover at: 
Note: tonsdeazul is 54% (left brain) and 46% (right brain)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

«The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore»


The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, William Joyce e Brandon Oldenburg, 2011 


«Morris Lessmore is a story of people who devote their lives to books 
and books who return the favor.»

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"à conquista do Chile"

«Assumi com porfia e obstinação o trabalho de fundar, que no Novo Mundo é responsabilidade das mulheres. Os homens só constroem povoações temporárias para nos deixarem lá com os filhos, enquanto continuam a sua incessante guerra contra os indígenas.»

Uma conversa de circunstância com uma amiga levou-me até um livro que tinha algures nas minhas prateleiras de livros não lidos. Tinha a certeza que o tinha, por isso, assim que cheguei a casa procurei-o e nessa mesma noite iniciei a leitura de Inés da Minha Alma de Isabel Allende. Trata-se de um romance histórico, um género bem diferente dos outros dois que tinha lido da autora, Paula e A Cidade dos Deus Selvagens

Isabel Allende dedica quatro anos a “ávidas leituras” para debruçar-se sobre a história do Chile e, principalmente, sobre os seus protagonistas, Inés Suárez e Pedro de Valdivia. Inés tem um papel determinante na fundação de Santiago e na conquista do Chile. No entanto, o seu protagonismo “foi quase esquecido pelos historiadores durante mais de 400 anos”. Por isso, a autora dá voz a esta mulher de armas que não se deixa intimidar ao primeiro sinal de perigo. É Inés Suárez quem nos conta a história; enquanto a escreve para a sua filha de criação, Isabel. 

Inés Suárez nascida em Plasencia (Espanha), parte para o Novo Mundo em 1537 para encontrar o seu marido, Juan de Málaga. No Peru descobre que o marido morreu numa batalha e meses depois, apaixona-se por Pedro Valdivia, um militar espanhol de Villanueva de la Serena, que é casado com Marina Ortiz de Gaete. Este tinha embarcado sozinho para a América para colocar-se ao serviço do rei de Espanha, Carlos V, combatendo ao lado de Francisco Pizarro. Só que o Peru era um “país dilacerado pela insídia e corrupção”, onde todos apenas procuravam o El Dourado, daí que Pedro Valdivia estava determinado a partir à conquista do território do Chile. Assim, juntamente com Inés empreende uma expedição que os leva a fundar a cidade de Santiago em fevereiro de 1541. Mais tarde, situações adversas obrigam Inés Suaréz a separar-se do amante Pedro Valdivia e a escolher Rodrigo de Quiroga como seu marido, pai de Isabel e o homem que ama até ao fim dos seus dias. Por sua vez, Pedro Valdivia consegue estender as suas conquistas, fundando novas cidades como La Serena, Concepción, La Imperial e Valdivia, morrendo em dezembro de 1553. 

Neste romance heróico, Isabel Allende apenas interliga os factos reais para dar vida a uma narrativa apaixonante. Inés Suárez é sem dúvida a personagem mais marcante da obra, sendo que neste relato temos uma autêntica aula de História sobre a conquista do Chile. Uma obra viciante!

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