Queria ler algo de James Joyce. Várias vezes esfolhei Ulisses, mas não me sentia com coragem para levá-lo para casa. Tinha receio de começar por essa obra. Então o Público, na sua Coleção Não Nobel – Autores Premiados Pelo Tempo, acabou por escolher por mim. Nesta coleção encontrava-se Gente de Dublin.
Não fazia ideia que iria encontrar um livro com várias histórias, mas agora pensando bem no título, até faz todo o sentido. Ao que sei esta versão apenas engloba dez dos quinze contos da versão original, Dubliners. Esta leitura foi tão prazerosa e surpreendente, que quando soube deste facto, fiquei curiosa em ler os restantes cinco.
Estava reticente em relação ao autor, mas as dúvidas dissiparam-se com a primeira história. James Joyce é genuíno e simples nas palavras que utiliza para escrever e descrever sobre as gentes da sua terra, que nem sempre o orgulham. Uma terra que passou a ter um cantinho especial no lado do meu sentir. Ler as palavras de Joyce foi regressar para aquelas ruas e calcorrear caminhos cheios de gentes, que ora estavam efusivas, ora encontravam-se melancólicas, ora estavam desgraçadamente sós, ora encontravam-se completamente expressivas. Foi sentir os cheiros e odores envolventes daquela cidade e daquele país tão caraterístico na sua hospitalidade irlandesa; gentes de pele branca e com cabelos cor de fogo, que idolatram os pequenos raios de sol, que sempre teimam em não aparecer. E que sempre têm um copo na mão para o “bota abaixo”.
Em Gente de Dublin encontrei aquilo que tinha tido a oportunidade de conhecer, enquanto residente naquele país. Muito embora estas vidas sejam um retrato dos finais do século XIX, este conjunto de histórias descreve uma cultura muito própria; pessoas muito parecidas nos comportamentos, que têm nos seus genes caraterísticas idênticas; independentemente da sua geração, parecem ter sido concebidas com a mesma massa; conservadoras, com dualidade de sentimentos, mesmo aceitando a sua condição de vida; que se encontram nas suas raízes celtas e na religião, na confraternização da música e dos pubs, no apego à terra, mesmo quando desejam sair.
7 comentários:
É um prazer visitar este blogue e, especialmente quando fala de um livro que guardo como uma relíqua.
Tente ler o Ulisses, porque vale mesmo a pena.
Também tenha lá esse livro na estante à espera de um dia ser lido. Como nunca fui à Irlanda, a minha curiosidade não é assim tanta. Mas qualquer dia é o dia, até porque ando com vontade de ler bons contos.
Este não tenho em fila de espera, mas a primeira tentativa que fiz em ler "Ulisses" foi inglória - não estava a perceber nada! Disseram-me, muito tempo depois, que algumas traduções para português eram muito más. Fosse disso ou não, certo é que nunca mais tentei ler James Joyce! Quem sabe se mudo de ideias num futuro próximo, quando calhar ter outro livro dele à mão? :)
Beijocas!
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Sim quero conhecer mais de Joyce, EMATEJOCA. Numa próxima já não vou resistir em trazer o "Ulisses" para casa. ;)
É um livro com pequenos contos, que se lê num instante, AU CHOCOLAT. :)
Pois as más traduções estragam logo uma leitura. Eu estou a deparar-me com elas agora neste "David Copperfield", TETÉ!
Beijinhos
Tons de Azul,
sabes onde encontrar o "Ulisses"?
Procurei nas "online" e está tudo esgotado...
Gostaria muito de ler! :)
André Nuno,
A única edição que eu conheço e que já tive a oportunidade de esfolhar há uns anos em várias livrarias Bertrand e Fnac é a da editora DIFEL. Nos últimos tempos deixei de ver essa edição... Sei que li algures que a editora tinha fechado, pode ser por essa mesma razão que não encontres à venda nas livrarias online.
Tenta a Fnac online, pois fiz uma pesquisa e não me aparece como indisponível. Em último caso terás de tentar nos alfarrabistas...
Um abraço e boa sorte
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