quinta-feira, 3 de setembro de 2009

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Lisboa: Vista do Miradouro da Graça
«Ó céu azul – o mesmo da minha infância -,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que nunca tardo…
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!»
«Lisbon Revisited (1923)», in Álvaro de Campos, poemas escolhidos

8 comentários:

Teté disse...

Lindo poema, que aliás não conhecia!

A imagem é uma fotografia ou um postal?

Beijocas!

post-scriptum - leio sempre as respostas que me dão aos comentários... (senão logo, quando volto ao blog para ler um novo post!)

:)

Unknown disse...

Boa escolha!!! O grande "Mestre" Pessoa, alías Álvaro de Campos o meu ortónimo preferido.
A foto está muito boa, há recantos mágicos em Lisboa onde se conseguem vistas e fotos impressionantes, parabéns.
Pipas

Unknown disse...

Ups "calinada", queria dizer Heterónimo e não ortónimo...
Pipas

susemad disse...

Teté, olá!
Este poema de Álvaro de Campos que transcrevi não está completo, pois apenas citei os estes últimos versos.

Como gostaste, dou-te agora conhecer, pois vale a pena lê-lo no seu todo!

"Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ­
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!"
Álvaro de Campos, "Lisbon Rivisited (1923)"

Os versos que transcrevi são os que me fazem mais sentido para reflectir, de momento, o meu estado de espírito.

Não, não é um postal é mesmo uma fotografia, que foi tirada no Miradouro da Graça. Mas obviamente que também trouxe postais da capital!! :)

:) Assim já sei que posso continuar a responder-te por esta via, apesar de nem sempre o fazer...
Beijinho e que tenhas um fim-de-semana colorido!

susemad disse...

Olá Pipas!!
Ai, ai... Se não te tivesses corrigido eu ia puxar-te as orelhas pela "asneira"!! :p
Também é o meu heterónimo de eleição!

Obrigada. Sim, Lisboa tem miradouros (que eu desconhecia) com vistas sobre a cidade deslumbrantes!

Um óptimo fim-de-semana!

OAutor disse...

De facto o "céu azul" é das coisinhas mais bonitas que tem lisboa!! :P

beijinhos e beijinhos, embora estes não saibam a sal!!!:( eheh

Livros e Outras Coisas disse...

A minha casa fica ali naquele lado mais azul, acima do "macio Tejo ancestral e mudo". :)

Karthika Shree disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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