domingo, 29 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
Nuvens para sonhar
"De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer,
e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos
em que estamos despertos."
e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos
em que estamos despertos."
*******
"Di sognare nessuno si stanca, perché sognare é dimenticare,
e dimenticare non pesa ed é un sonno senza sogni
in cui siamo svegli."
in cui siamo svegli."
Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego
____________________
Tradução: Giulio.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Papel de carta
Ao receber este abraço lembrei-me do meu amigo carteiro e das suas palavras escritas no passado mês de Junho: "escrevam cartas!".
É bem verdade que cada vez menos se escreve para alguém em papel de carta. Os marcos de correio nas calçadas começaram a ser mais um adereço, do que uma necessidade. O ter tudo à mão de um simples clique alterou os hábitos. As palavras praticamente deixaram de sair de uma Bic Cristal. O som das teclas anuncia no pequeno ecrã as palavras, que a nossa caixa electrónica encarregar-se-á de enviar para a caixa electrónica do nosso destinatário.
Por estas razões, a Austrália Post apostou nesta campanha publicitária que está surpreendente e deveras tocante.
__________________Nota: Obrigada lindinha pelo o envio deste mimo.
quarta-feira, 18 de julho de 2007
"Partituras sob os [m]eus olhos"
"A luz da manhã não sente os vidros limpos da janela no momento em que os atravessa, pousando depois nas notas de piano que saem da telefonia e flutuam por todo o ar da cozinha."
José Luís Peixoto é um dos meus escritores portugueses de eleição. Não só pela sua escrita, mas também pela pesssoa simples e simpática que demonstra ser em presença com o seu público.
Cemitério de Pianos é a sua mais recente obra e narra a história de uma família. Os avós, os pais, os filhos, os irmãos, os netos, os tios, os sobrinhos e os primos todos eles são talvez teclas de piano suspensas na vida.
Os dois personagens, pai morto e filho vivo, contam-nos, em tempos diferentes e ao longo das 314 páginas, a vida e a morte, as paixões e as traições, as frustrações e a violência doméstica, as alegrias e as tristezas da família.
O cemitério de pianos reside numa carpintaria e é o palco central. Nele há lugar para os amores e traições, para as leituras escondidas, para as brincadeiras e conversas com o narrador pai.
É uma história doce, preenchida de afectos e tristezas, que li em três actos. No primeiro devorei 100 páginas e deparei-me com um pai morto e os seus sentimentos de culpa.
No segundo, encontrei 162 páginas de maratona. Um filho vivo, que deposita as suas esperanças e os seus pensamentos inacabados em 30 quilómetros de maratona e que vai ter com um pai morto.
E no terceiro, entra novamente o pai para confirmar a morte do seu filho.
Um livro recheado de páginas ternurentas, que foram "como partituras sob os [m]eus olhos".
sexta-feira, 13 de julho de 2007
(Des)concerto
ilustração: Anoni Moss
O caos dos pensamentos, das palavras, das ideias, daquilo em que ainda acreditavam entranhou-se nos seus sentidos. O silêncio chegou.
Estavam demasiadamente perdidos e confusos.
Partiram. Deambularam horas e horas por entre sombras.
Não podiam continuar a mentir para si próprios! Só que nada neles fazia sentido! A desarrumação era completa. Não sabiam como agir.
Não queriam pensar. Não queriam falar.
O silêncio chegou.
O silêncio chegou.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Pedaços de mim
Livros... Azul... Mar... Nuvens... Silêncios... Escrever... Chocolate... Estações de comboios... Confidências... Lua...
Acasos... Horas... Postais... Violinos... Sorrisos... Nadar... Gelado de limão... Conchas... Mãos... Joaninhas...
Acasos... Horas... Postais... Violinos... Sorrisos... Nadar... Gelado de limão... Conchas... Mãos... Joaninhas...
Tambores...
Verdades...
Fotografia...
Sons...
Água...
Palavras cruzadas...
Sombras...
Melão...
Lírios...
Verdades...
Fotografia...
Sons...
Água...
Palavras cruzadas...
Sombras...
Melão...
Lírios...
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Eram anjos. Tinham asas.
ilustração: dr. makete
Eram anjos. Os seus rostos serenos espelhavam brancura. Voavam. Deambulavam por entre ausências. As suas mãos a dor puxavam. A dor arrancavam. A dor levavam ao esquecimento. Eram anjos. Os seus pés caminhavam em algodão branco. Voavam. Deambulavam por entre almas perdidas. Os seus olhos tudo viram. Eram anjos. Os seus corpos carregavam a eternidade. Voavam. Deambulavam entre a cinza da terra e o azul do céu. As suas vozes falavam baixinho. Em uníssono deixavam mensagens de luz. Eram anjos. Voavam. Tinham asas. Eram anjos. Voavam. Eram anjos. Tinham asas. Eram anjos. Voavam. Tinham asas.
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