segunda-feira, 7 de novembro de 2011

marca páginas


Estes são alguns dos meus marcadores de livros que a Diana gentilmente publicou no seu blogue Papéis e Letras. Se quiserem conhecer mais alguns podem sempre dar um pulinho até lá. 
Ou então, também podem participar enviando fotografias das colecções de marcadores que tenham aí por casa para o endereço electrónico papeiseletras@gmail.com. Participem! *
  

sábado, 5 de novembro de 2011

"este aborto a que chamávamos amizade"

Já devo ter escrito algures aqui de que gosto e tenho sempre curiosidade em ler os escritores laureados com o prémio Nobel. Nem sei bem o porquê. Talvez seja a ânsia de descobrir algo de extraordinário que ainda não tenha lido num outro escritor.  Nesta busca constante li Rudyard Kipling, William Yeats, Luigi Pirandello, Pearl S. Buck, Hermann Hesse, Ernest Hemingway, Albert Camus, John Steinbeck, Pablo Neruda, Saul Bellow, Gabriel García Márquez, Nadine Gordimer, José Saramago, Günter Grass, Imre Kertész, Orhan Pamuk e Doris Lessing. No vasto leque de autores, encontrei estilos bem distintos e marcantes, outros nem tanto. Todos eles sempre me permitiram desfrutar de histórias únicas, que no final deixavam-me a vontade de voltar num futuro próximo. Sendo que a todos eles voltei, ficando até viciada em Hemingway, Camus, Steinbeck, García Márquez e Saramago (o único que descobri a obra antes do prémio).
Isto tudo para dizer, que no mês passado terminei mais um Nobel, Os Anões de Harold Pinter, e tive a minha primeira desilusão “nobelesca”.  As únicas expectativas que tinha eram: se é Nobel então será com toda a certeza uma boa leitura! Pois, grande erro. Ao 18.º Nobel descobri a excepção.

«O que eu quero que tu entendas, acima de tudo, é que devemos ter uma oportunidade de deixar um olho negro um ao outro, se decidirmos que é preciso. E também que, pessoas como tu e eu, que não são propriamente uma bênção pura, deviam sobreviver a uma história de amor sem se tornarem ressentidos, estúpidos ou cegos.»

Os Anões centra-se na vida de quatro personagens, Len, Mark, Pete e Virginia, que tem uma relação com este último.
Nos primeiros capítulos apercebi-me de imediato que o livro é  quase todo ele com diálogos e assim senti-me como que reconduzida para uma peça de teatro. Claro que não era este o motivo para colocar o livro de lado, pois experiências anteriores tinham-me surpreendido bastante. Só que os primeiros capítulos não entusiasmavam a continuar. Como romance este livro não estava a desempenhar bem o seu papel e como peça de teatro escrita também não me estava a convencer. Se estivesse a presenciá-la em palco seria uma outra questão e até quase que arrisco a dizer que iria adorar a peça! Mas assim surgiu a dualidade: ler ou largar? 254 páginas foram o pretexto para continuar.

A história está dividida em três partes e começa com Len e Pete a esperar por Mark na casa deste. Enquanto esperam pela chegada de Mark vão espreitando os recantos da casa e conversando sobre trivialidades. Os diálogos soam a absurdo e sem sentido, apesar de nem sempre o serem. E por vezes até parece que estão a ter uma conversa de surdos.
Ao longo dos capítulos vamos conhecendo um pouco de todos eles. Len trabalha numa estação de comboios, mas dedica-se também à música. Pete trabalha num escritório e passa os dias a desmiolar a cabeça da sua namorada Virginia com as suas argumentações de pseudo-intelectual. E Mark é um actor ao que parece falhado, que adora andar encaixado em mulheres, não colocando de lado a sua possível tentativa com Virginia. 
Os três amigos aparentemente têm uma amizade forte, sendo Virginia a figura extrínseca que poderá mexer nas arestas desta amizade, uma vez que a relação entre os três também tem as suas limitações: está restrita à intimidade de cada um, é frágil, impetuosa, perturbante e destrutiva.
Todo o ambiente em que se movimentam parece vazio e inseguro. Os personagens vão deambulando umas vezes pela casa de Mark, outras pela casa de Virginia, outras ainda por um parque ou por um pub qualquer da cidade londrina. Entre os diálogos e monólogos vão-se revelando as fragilidades e frustrações que, de capítulo em capítulo, encaminham-se para a nudez da verdade. Nestas controversas interlocuções, os nossos amigos ora argumentam sobre Shakespeare e Bach, ora discutem sobre os autocarros que fazem o percurso de Notting Hill, ora falam sobre o absurdo. E como já o disse, parece que não há um sentido. Os personagens andam perdidos entre si e os seus diálogos também. Existe um certo caos e uma certa vertigem em toda a história. O fim encontra a degradação destrutiva da amizade.

Todo este niilismo podia entusiasmar, mas sinceramente não me cativou. Talvez não fosse a altura ideal para o ler... O certo é que se o autor tivesse mais algum romance, eu não voltaria a lê-lo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Trilho de Castelo Mendo

«-Vieram visitar a aldeia? Hum... E são de muito longe? Passem ali na minha casa que tenho uns bolinhos muito bons. Não querem um santinho? É para ajudar a fazer a procissão de domingo... É que somos tão poucos aqui na aldeia. 27 apenas...»

Percurso: Pedestre
Localização: Almeida, Guarda
Distância aproximada: 1,5 km
Duração aproximada: 30 minutos
Grau de dificuldade: Baixo

Castelo Mendo é uma freguesia do concelho de Almeida que integra a rede de Aldeias Históricas de Portugal. Já fazia algum tempo que queríamos visitar as aldeias deste projecto que se localizam nos distritos da Guarda e Castelo Branco e por isso, foi por esta que decidimos iniciar o nosso primeiro trilho em busca destas doze aldeias.

O percurso pedestre começa e termina na porta da aldeia. O tempo bastante ameno permitiu que esta descoberta de uma hora começasse da melhor maneira. Embora o percurso se faça em 30 minutos, há que dar tempo para apreciar a paisagem!
O Chafariz Novo, o Alpendre da Feira, o Pelourinho, o Castelo e a Igreja de Santa Maria do Castelo são alguns dos locais obrigatórios de passagem.

Próxima paragem: Almeida.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

escapando a tentações

Alfarrabista em Doolin, Irlanda

«Foi logo na montra da livraria que descobriste a capa com o título que procuravas. Atrás desta pista visual, lá foste abrindo caminho pela loja dentro através da barreira cerrada dos Livros Que Não Leste, que de cenho franzido te olhavam das mesas e das estantes procurando intimidar-te. Mas tu sabes que não te deves deixar assustar, que no meio deles se estendem por hectares e hectares os Livros Que Podes Passar Sem Ler. […] Com um movimento rápido passas por cima deles e vais parar ao meio das falanges dos Livros Que Tens Intenção De Ler Mas Antes Deverias Ler Outros, dos Livros Demasiado Caros Que Podes Esperar Comprar Quando Forem Vendidos Em Saldo, dos Livros Idem Idem, Aspas Aspas Quando Forem Reeditados Em Formato De Bolso, dos Livros Que Podes Pedir A Alguém Que Te Empreste e dos Livros Que Todos Leram E Portanto É Quase Como Se Também Os Tivesses Lido. Escapando a estes assaltos, avanças para diante das torres do reduto, onde te opõem resistência 
os Livros Que Há Muito Tempo Programaste Ler, 
os Livros Que Há Anos Procuravas Sem Os Encontrares, 
os Livros Que Tratam de Alguma Coisa De Que Te Ocupas Neste Momento, 
os Livros Que Queres Ter Para Estarem À Mão Em Qualquer Circunstância, 
os Livros Que Poderias Pôr De Lado Para Leres Se Calhar Este Verão, 
os Livros Que Te Falam Para Pores Ao Lado de Outros Livros Na Tua Estante, 
os Livros Que Te Inspiram Uma Curiosidade Repentina, Frenética E Não Claramente Justificada. 
E lá conseguiste reduzir o número ilimitado das forças em campo a um conjunto sem dúvida ainda muito grande mais já calculável num número finito, mesmo que este relativo alívio seja atacado pelas emboscadas dos Livros Lidos Há Tanto Tempo Que Já Seria Altura de Voltar A Lê-los e dos Livros Que Dizes Sempre Que Leste E Seria Altura De Te Decidires a Lê-los Mesmo. 
Libertas-te com uns ziguezagues rápidos e penetras de um salto na cidadela das Novidades Cujo Autor ou Assunto Te Atrai. 
[…] percorridos rapidamente com o olhar os títulos dos volumes expostos na livraria, dirigiste os teus passos para uma pilha [do livro que tanto procuravas], pegaste num exemplar e levaste-o à caixa para se regularizar o teu direito de propriedade sobre ele. 
Deste ainda uma espreitadela desnorteada aos livros em redor (ou melhor: foram os livros que te olharam com o ar desnorteado dos cães que das grades do canil municipal vêem um ex-companheiro afastar-se pela trela do dono que veio recuperá-lo), e saíste.» 
Se Numa Noite de Inverno Um Viajante, Italo Calvino

domingo, 23 de outubro de 2011

"Peña de los Enamorados"

Antequera, Espanha

Numa das minhas visitas à vizinha Espanha, andei por terras andaluzas e nessas andanças, descobri Antequera. Uma cidade pacata, que me atraiu especialmente pela reserva natural El Torcal. Um mar deslumbrante de pedras a perder de vista! Só que nessa descoberta, também me saltou à vista um monumento natural, que aparenta um rosto. Este é designado como Peña de los Enamorados. A rocha aparece em todos os postais turísticos e é mesmo a identidade da cidade. E é sobre esta pedra rochosa que irei falar, porque com um nome assim só poderia haver lenda por trás! 

A Peña de los Enamorados separa a cidade de Antequera de Archidona e este rosto que dorme sob as entranhas da terra remete-nos para a lenda dos amantes de Antequera, Tazgona e Hamet. Ela rica, filha de um alcaide mouro de Archidona. Ele um escravo cristão de Antequera. Ora pois já sabemos que quando a religião entra em histórias de amor acaba sempre em tragédia! O que é certo é que apesar das diferenças sociais e religiosas, Tazgona salvou o jovem Hamet do calabouço e os dois jovens apaixonaram-se. 
Claro que os pais de Tagzona não estavam de acordo com essa paixão, pois como é que poderiam aceitar que a sua adorada filha se enamorasse por um escravo e ainda por cima cristão! 

Prisioneiros a um amor impossível, os jovens apaixonados decidiram fugir da tirania da família de Tagzona. O pai ao descobrir, não aceitou a fuga da filha e, juntamente com outros familiares, foi no seu encalço. Os dois jovens fugiram até ao cimo da rocha e por lá se abrigaram nas suas encostas. Só que dali não podiam escapar. Então o jovem Hamet sentindo-se perseguido decidiu atirar-se para o abismo mas, no momento em que se atirou a jovem enamorada agarrou a mão do seu apaixonado e os dois voaram para o vazio, unindo-se na eternidade. 
Desde aí que podemos ver o rosto adormecido do jovem Hamet, que é sussurrado pelo vento, a sua sempre apaixonada Tagzona.
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Nota: Esta é apenas uma das diferentes versões que existem. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"O drama de passar a ser outro"

«De facto, o processo mais difícil para mim foi o de me converter noutra pessoa. A mudança de personalidade é uma luta quotidiana na qual o indivíduo frequentemente se revolta contra a sua própria determinação em mudar e quer continuar a ser quem é. Assim a maior dificuldade não foi a aprendizagem, como se poderia pensar, mas sim a minha resistência inconsciente, tanto às mudanças físicas como às mudanças de comportamento. Tinha de resignar-me a deixar de ser o homem que sempre fora e tornar-me noutro muito diferente, insuspeito, para a mesma polícia repressiva que me obrigara a deixar o meu país e irreconhecível até para os meus próprios amigos.» 
A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile, Gabriel García Márquez

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