quinta-feira, 22 de maio de 2014

«La Grande Bellezza»


A propósito da 7.ª edição da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, que teve lugar na semana passada em Loulé, tenho de vos falar do filme de encerramento, A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro 2014.

Toni Servillo interpreta maravilhosamente o personagem principal, Jap Gambardella, um escritor sexagenário, que vive à sombra do sucesso que teve o seu único romance. A sua vida é um sem fim de festas de luxo e prazeres. Agora ao festejar o seu 65.º aniversário toma consciência que, apesar de sempre se ter considerado um homem feliz e realizado, não deixou de ter uma existência essencialmente frívola.

Pelos olhos de Jap vemos as suas deambulações pela vida, as suas memórias e o amor perdido. As conversas e as festas com amigos são uma constante, mas são cada vez mais um poço vazio de futilidades. Não há fé, nem crença para suportar a decadência do corpo e sustentar o espírito. Há um constante entristecer da alma, que já não é preenchido pela vida que teve de bon vivant. O seu mundo interior está a devastar-se e o tempo escasseia. Jap tenta encontrar na sua vida trágico-cómica a beleza, a grande beleza sempre imaginada e idealizada, para assim tapar o cinismo da realidade e a melancolia que lhe cobre os dias.

A Grande Beleza é um retrato delirante da vida, da decadência, do tempo que nos foge, do vazio, do todo e do nada. Resta-nos sonhar. Um filme que mexe, faz pensar e questionar. «««««

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