Depois de ter lido o ano passado Rebecca, de Daphne du Maurier e ter gostado imenso de toda a envolvência da história e dos próprios personagens, senti uma certa curiosidade em ler o novo romance da autora, A Pousada da Jamaica. Este tem uma história simples, que basicamente gira em volta de Mary Yellan e das actividades sombrias que acontecem na pousada.
Mary é uma jovem de 23 anos que após a morte da mãe se vê obrigada a partir para a Cornualha para ir viver com os seus tios Patience e Joss Merlyn, que são os proprietários da Pousada da Jamaica.
No decorrer da viagem apercebe-se que a pousada não é vista pelos vizinhos como um lugar de boa fama e quando se encontra com a sua tia descobre que esta é maltratada pelo seu tio e por isso vive atormentada e em constante histeria. Determinada a mudar o rumo à situação e ajudar a sua tia, Mary decide permanecer na pousada.
Assim, nos primeiros dias, Mary começa a desconfiar que Joss está envolvido em negócios obscuros e que a pousada serve para esconder mercadoria e não para hospedar viajantes. O bar da pousada serve então como ponto de encontro entre o seu tio e os compinchas.
Uns dia depois Mary fica a conhecer também Jess, o irmão mais novo de Joss Merlyn, que é um ladrão de cavalos, mas o seu mau carácter não é impedimento para lhe arrebatar o coração!
Numa das suas investidas para descobrir a verdade, Mary fica a conhecer Francis Davey, um vigário albino, com quem acaba por desabafar todos os acontecimentos sinistros que se desenrolam na Pousada da Jamaica. Mas é num ataque de bebedeira, que Joss Marlyn desabafa todos os seus crimes a Mary, ficando esta a saber que o seu tio está envolvido em negócios de naufrágios.
Mary passa então por momentos complicados e após situações não esperadas, Joss faz-lhe prisioneira, juntamente com a sua tia. Contudo, Mary arranja forma de sair da pousada em busca de ajuda.
«Voltou-se para olhar a Pousada da Jamaica, sinistra e cinzenta, à medida que a noite se aproximava, com as janelas trancadas, e pensou nos horrores a que a casa assistira, nos segredos embutidos nas paredes, juntamente com as outras velhas recordações de festins, luzes e risos antes de Joss Merlyn ter projectado nela a sua sombra. Por último, virou-lhe costas, com a mesma determinação e repulsa com que uma pessoa se afasta instintivamente de uma residência de mortos, e encaminhou-se para a estrada.»
A partir daqui todos os acontecimentos encaminham-se para o desfecho final e quase sem surpresas, pois o leitor apenas aguarda pela confirmação das suas suspeitas iniciais.
Um romance sem personagens marcantes e que não chega a preencher com o mesmo arrebatamento de Rebecca, mas muito bem escrito e com romance, suspense e aventura q.b. que prendem o leitor nos lugares sinistros e perturbadores onde se desenvolve a acção.