Firmin, de Sam Savage é um livro brilhante!
O autor, na sua extraordinária fábula, fala-nos sobre Firmin, um rato que nasceu numa cave da Pembroke Books, uma livraria de Boston, e que aprendeu a ler devorando as páginas de livros.
Os meus repastos começaram por ser primitivos, orgíacos, desinformados – uma dose de Faulkner era para mim o mesmo que uma dose de Flaubert -, mas depressa detectei diferenças subtis. Primeiro reparei que cada livro tem o seu sabor – doce, amargo, agridoce, rançoso, salgado, picante.
Ao ler estas palavras, um leitor apaixonado até sente um murro no estômago, mas é impossível não continuar a ler as palavras seguintes:
De início eu limitava-me a comer, roendo e mastigando alegremente, guiado pelos ditames do paladar. Mas depressa comecei a ler aqui e ali os contornos das minhas refeições. E com o tempo passei a ler mais e a comer menos até dar por mim a gastar todas as minhas horas de vigília a ler, mastigando apenas as margens brancas.
E não se apaixonar por Firmin. O último dos treze filhos de Mama: Sweeny, Chucky, Luweena, Feenie, Mutt, Peewee (por quem Firmin quase cometeu incesto), Shunt, Pudding, Elvis, Elvina, Humphrey, Honeychild e Firmin, o último dos últimos, que tinha de disputar a última das doze tetas de Mama.
Mais tarde, Firmin acaba por ficar sozinho na livraria e muda-se da cave para “um cantinho no tecto por cima da loja, a meio caminho entre o Balão e a Varanda, que [lhe] permitia ir observando o que se passava, mas não descur[ando] a [sua] educação na cave, onde devorava livro atrás de livro, embora já não literalmente.” Ufa, ainda bem!
Ao longo das páginas, Firmin dá a conhecer ao leitor, os livros por onde viaja e brinca com ele, causando-lhe uma certa inveja. É também através de Firmin que conhecemos Norman, o dono da livraria e “O PRIMEIRO SER HUMANO QUE F. AMOU”, até ao dia em que Norman o vê e deixa-lhe um presente. Firmin quando lê o pacote do que tinha ingerido quase morreu, mas de desgosto! “Veneno para Ratos” ou “Um Amor Traído”… Era o desmoronar e era altura de virar a página…
Ainda arriscou comunicar com Norman, tentando aprender a escrever à máquina e até com mímica, mas foi tudo em vão. É salvo pelo escritor Jerry Magoon, «o homem mais inteligente do mundo», que o leva para casa. Com Magoon, Firmin tem uma relação de compreensão e afecto. Aproveita para ler todos os livros das prateleiras do escritor e quando cansado, sai pelos canos e percorre as ruas da cidade. Um dia… Tudo desaparece.
São 154 páginas recheadas de humor, tristeza, genialidade, sonhos e muito mais. Em algumas páginas ainda somos presenteados com ilustrações tão bonitas como a da capa.
O autor, na sua extraordinária fábula, fala-nos sobre Firmin, um rato que nasceu numa cave da Pembroke Books, uma livraria de Boston, e que aprendeu a ler devorando as páginas de livros.
Os meus repastos começaram por ser primitivos, orgíacos, desinformados – uma dose de Faulkner era para mim o mesmo que uma dose de Flaubert -, mas depressa detectei diferenças subtis. Primeiro reparei que cada livro tem o seu sabor – doce, amargo, agridoce, rançoso, salgado, picante.
Ao ler estas palavras, um leitor apaixonado até sente um murro no estômago, mas é impossível não continuar a ler as palavras seguintes:
De início eu limitava-me a comer, roendo e mastigando alegremente, guiado pelos ditames do paladar. Mas depressa comecei a ler aqui e ali os contornos das minhas refeições. E com o tempo passei a ler mais e a comer menos até dar por mim a gastar todas as minhas horas de vigília a ler, mastigando apenas as margens brancas.
E não se apaixonar por Firmin. O último dos treze filhos de Mama: Sweeny, Chucky, Luweena, Feenie, Mutt, Peewee (por quem Firmin quase cometeu incesto), Shunt, Pudding, Elvis, Elvina, Humphrey, Honeychild e Firmin, o último dos últimos, que tinha de disputar a última das doze tetas de Mama.
Mais tarde, Firmin acaba por ficar sozinho na livraria e muda-se da cave para “um cantinho no tecto por cima da loja, a meio caminho entre o Balão e a Varanda, que [lhe] permitia ir observando o que se passava, mas não descur[ando] a [sua] educação na cave, onde devorava livro atrás de livro, embora já não literalmente.” Ufa, ainda bem!
Ao longo das páginas, Firmin dá a conhecer ao leitor, os livros por onde viaja e brinca com ele, causando-lhe uma certa inveja. É também através de Firmin que conhecemos Norman, o dono da livraria e “O PRIMEIRO SER HUMANO QUE F. AMOU”, até ao dia em que Norman o vê e deixa-lhe um presente. Firmin quando lê o pacote do que tinha ingerido quase morreu, mas de desgosto! “Veneno para Ratos” ou “Um Amor Traído”… Era o desmoronar e era altura de virar a página…
Ainda arriscou comunicar com Norman, tentando aprender a escrever à máquina e até com mímica, mas foi tudo em vão. É salvo pelo escritor Jerry Magoon, «o homem mais inteligente do mundo», que o leva para casa. Com Magoon, Firmin tem uma relação de compreensão e afecto. Aproveita para ler todos os livros das prateleiras do escritor e quando cansado, sai pelos canos e percorre as ruas da cidade. Um dia… Tudo desaparece.
São 154 páginas recheadas de humor, tristeza, genialidade, sonhos e muito mais. Em algumas páginas ainda somos presenteados com ilustrações tão bonitas como a da capa.
9 comentários:
Parece muito interessante. Gostei muito do teu comentário...
;)
eu não posso ir à fnac :-) ontem por mim já de lá trazia uns bons 100 euros de livros interessantes, e esse chamou-me a atenção...
beijinhos
Parece muito interessante... acho que vou colocar na minha lista...que já vai longa!
E a vontade de ler ficou.
(ADORO a foto do perfil... lindo :') )
Um beijinho e estou de volta! :) *
Olá, Azul.
Sim, também já tenho um exemplar reservado para mim. Fiquei mesmo com vontade de ler este livrito.
Boa sugestão.
:)
Ah, sugestão tua e com esta descrição e citações, não vou perder de certeza! :)
Gracias pela dica!
Beijocas e bom fim de semana!
Só não gostei do preço do livro! 15€ ainda é puxado!!
Beijinhos e uma óptima semana para todos!
Olha, como já havia dito anteriormente, fiquei curiosa com o teu comentário. Então já comprei o livro e já li. Numa palavra só ADOREI.
;)
achei muito interessante a forma com que você fala sobre o livro, citando várias passagens.
lí Firmin e estou fazendo uma resenha pro meu blog tbm, eu achei o livro e nossas impressões foram bem parecidas. :)
bjs
http://dobrodametade.blogspot.com
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