terça-feira, 26 de junho de 2007
Mal-me-queres ou Bem-me-queres?
domingo, 24 de junho de 2007
Sombras do tempo
Quem me leva os meus fantasmas
Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.
Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Pedro Abrunhosa
quinta-feira, 21 de junho de 2007
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Os últimos e os memoráveis
Como o fim-de-semana esteve cinzento, entre umas coisas e outras, fui escrevinhando os últimos cinco livros lidos e puxando do poço das minhas memórias os cinco livros memoráveis. Esta última tarefa foi mais que difícil!
Tal como Miss Alcor, optei por escrever os primeiros que me saíram dos dedos.
Para cada um deles escolhi uma frase que espelha, de algum modo, cada história.
Os últimos cinco livros lidos
Nas Caves da Memória de J. Santos Stockler
“Poesia é a água do espírito
que transborda o leito do rio
da alma e vai regar as levadas
orvalhadas de outras almas!…”
Mensagem de Fernando Pessoa
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!”
Luto pela Felicidade dos Portugueses de Rui Zink
“As palavras criam realidades. Se repetirmos muitas vezes «no meu tempo» ainda acabamos, de facto, excluídos deste tempo.”
Equador de Miguel Sousa Tavares
“Se soubesse o que o destino lhe reservava nos próximos tempos, talvez Luís Bernardo Valença nunca tivesse apanhado o comboio, naquela chuvosa manhã…”
Impasse de Icchokas Meras
“ Se perco, os outros vão-se, mas eu continuarei vivo… Se ganho, não farão mal aos outros mas eu terei de morrer… Se houvesse um xeque, um empate, seria a contento de todos.”
Os cinco livros memoráveis __________________________
Memorial do Convento de José Saramago
“A grande tristeza de Baltasar e Blimunda é não haver uma rede que possa ser lançada até às estrelas e trazer de lá o éter que as sustenta, …”
O Mistério do Jogo das Paciências de Jostein Gaarder
“- Tu tem wichtig coisa me prometer. Deves o pão mais grande para o fim guardar e comer quando tu só estás. (…)
De repente, senti que os meus dentes bateram em algo duro. (…)
O que estava nas minhas mãos era um minúsculo livro. Na capa estava escrito: «A bebida púrpura e a ilha mágica.»”
História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar de Luis Sepúlveda
“- E promete-me que a ensinas a voar – grasnou ela fitando o gato nos olhos.
Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.
- Prometo ensiná-la a voar.”
Uma Casa na Escuridão de José Luís Peixoto
“Ela olhou para mim. (…) Ela disse amo-te. Ela, o seu rosto puro, diante de mim, as chamas, o fogo, disse amo-te. Como palavras impossíveis e como as únicas palavras. Eu sorri tanto. Fui feliz e, nesse momento, morri.”
Nem tudo começa com um beijo de Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira
“Para os meninos do esgoto o mundo era uma casa com Cave e Sótão. A Cave era buraco onde viviam. O Sótão era a cidade que ficava do lado de cima do asfalto.”
Nota 1: Apercebi-me que entre estes dez livros, apenas três são de autores estrangeiros.
Nota 2: Se fosse possível deixaria aqui muitos mais livros memoráveis. Estes que deixo, retratam pedaços de mim.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
"Crónicas Benditas"
Comecei por ler como quem não tem muita fé na coisa, mas após três crónicas, Rui Zink acabou por me convencer a lê-lo até ao fim. Claro está que não é um clássico, nem tão pouco uma obra prima! No entanto está bem escrito. Tem assuntos com os quais me identifico e outros que apenas preenchem. Nalgumas crónicas tem uma certa graça, noutras nem por isso.
Assim sendo são 39 crónicas divididas por três temas: Deus, Pátria e Família. Nelas, como podem adivinhar, os portugueses são sempre os protagonistas. Zink retrata a forma louca com que sobrevivemos aos dias, em vez de os vivermos.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
O teste da cor
BLUE |
You give your love and friendship unconditionally. You enjoy long, thoughtful conversations rich in philosophy and spirituality. You are very loyal and intuitive.
Não resisti e tive mesmo de ir cuscar este Quiz, que a Canochinha tinha no seu Espaço Rosa. Eu "roubei" a ela e ela pelos vistos já o tinha "roubado" a outra!! Eheh
Tinha de tirar as dúvidas e confirmar se a minha cor seria mesmo o azul. Pelos vistos, agora já não restam dúvidas!! Ehehe
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Monografia
Sim amiga, hoje pinto para ti. Tu que dedicas o último ano do resto da tua vida a uma monografia obesa. Ehehe
segunda-feira, 4 de junho de 2007
MaRvãO sublime
Certa manhã ao acordar, sentiu-se vazia.
Olhou o azul céu e nada viu.
Nada sentiu, nada encontrou.
Imagens desfocadas por ela passaram,
E seu melancólico corpo não reagiu.
Eram apenas retratos.
Retratos de um ontem que já não existia.
Partiu.
Partiu em busca de algo que desconhecia.
Numa ânsia desenfreada de ao limite chegar.
Por momentos inspirou.
Inspirou a leve brisa que até ela chegava.
Escalou montes e desbravou montanhas,
E no cimo, tocou no instante da magnitude.
Na imponência do belo e infinitamente mágico.
O vento gelado daquele Inverno,
Fustigava-lhe a eloquência.
E o fugaz silêncio derrotava-lhe as abismadas palavras.
Mas os seus olhos encontraram a perfeição da conquista,
O deslumbre do encantamento.
Os seus dedos cravaram as pedras do real.
Os seus pés pisaram o pulsar de uma vila.
Uma vila abscôndita por muralhas avassaladoras.
E no limiar do infinito,
Entre o tímido céu e a longínqua terra do nunca,
Os seus batimentos apressados revelaram-lhe o Não Sonho.
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