«São quatro da manhã e tu choras. Tens 8 dias de vida e choras. Choras irremediavelmente e o teu choro neste momento, às quatro da manhã, é tudo. Não tem princípio nem fim, vem do centro do universo. Quando paras por breves segundos é apenas para ganhar fôlego, um embalo rápido para um novo compasso que começa por um grito e deriva em várias tonalidades de choro, todas elas desesperadas, inconsoláveis. Não tens a fralda suja, já foste amamentada, estás ao meu colo. E, no entanto, choras.»
Os bebés também querem dormir de Constança Cordeiro Ferreira não é um manual de instruções para futuras mães ou mães de primeira viagem que procuram soluções e/ou dicas para adormecer os seus filhos. Não é um guia de auto-ajuda para momentos de desespero. Nem sequer tem a pretensão de falar de verdades absolutas, do certo e do errado. Desenganem-se. Não vão encontrar o "ingrediente secreto" para as noites mal dormidas ou talvez até encontrem...
A autora, a quem chamam a "fada dos bebés", é «uma terapeuta de bebés, embora resista sempre um pouco a este título», pois acredita que «os pais são os verdadeiros especialistas nos seus bebés. O [seu] trabalho é ajudar a que encontrem os recursos para que assumam esse papel com confiança e felicidade.»
E foi por saber que não iria encontrar nada do que acima descrevi que quis ler este livro. Por saber que não iria encontrar mais um livro igual a tantos outros que têm tantas e tantas páginas e nada dizem ou acrescentam.
Comecei esta leitura sem expetativas e num ápice estava a terminá-la e a sentir-me agradecida por a ter iniciado. Foi bastante enriquecedora e acima de tudo confortante.
Este livro é uma partilha de testemunhos, vivências e experiências que nos mostram que nós mães temos realmente todas as ferramentas para compreendermos os nossos bebés, mesmo quando todos os fatores externos (sociedade, família, amigos, especialistas, estudos científicos, etc.) nos dizem que não. Por isso, há que acreditar e percorrer o caminho que queremos seguir. Sem pressões.
«Ter a liberdade para decidir o ritmo em que vivemos a maternidade, criar uma bolha, esquecer o relógio e as regras inventadas por alguém que não nos conhece nem ao nosso bebé dá-nos uma oportunidade de mudar, não só como mães e pais, mas também como pessoas.»