«Mas tu esqueceste tudo excepto o teu nome. E, se não fores capaz de responder, não podes beber. Por isso, só um sonho esquecido que reencontrares aqui te pode ajudar, uma imagem que te conduza até à fonte. Mas para isso terás de esquecer a última coisa que ainda te resta: tu próprio.»
A História Interminável, de Michael Ende. Esta é uma daquelas histórias de fantasia intensa. Só quando comecei a descobri-la é que me veio à memória partes de um filme de infância que foi baseado nesta história, A História sem Fim. E só já no final do livro me veio à memória a música “Never Ending Story”, de Limahl. Por acaso, algum de vocês viu o filme ou lembra-se da música?
Bastian Baltasar Bux é o herói desta história com histórias dentro. Bastian é um miúdo infeliz, tímido e gorducho que se refugia nas histórias dos livros que lê, porque não tem amigos. Um dia ao entrar na livraria do Sr. Koreander depara-se com um livro misterioso que o atrai de tal forma, que o obriga a sair dali a fugir com o livro escondido. Já refugiado no sótão da escola, Bastian dá início a uma aventura que poderá não ter regresso. O livro que tem entre mãos chama-se A História Interminável e brevemente irá conhecer, tal como nós que estamos a ler o mesmo livro, Atreiú e Fuchur, o Dragão da Sorte. Os heróis desta história vão empreender uma longa e árdua busca para tentar salvar a imperatriz Criança e a terra da Fantasia. Será que Bastian irá ter coragem para fazer parte da história? Será que conseguirá escapar a Fantasia?
Michael Ende colocou neste livro todos os ingredientes possíveis e imaginários. Há paisagens completamente impossíveis de imaginar, personagens e criaturas fantásticas, feiticeiras e encantamentos, portas mágicas e outros mundos e tudo o mais que a nossa imaginação possa alcançar.
Numa história aparentemente para crianças, o autor mostra-nos o quão importante é o valor da amizade e o quanto tudo o que aparentemente fazemos sem maldade pode ter consequências na nossa vida, tanto para o bem, como para o mal. Como é importante saber valorizar-nos e gostarmos de nós tal como somos, não nos anulando. Fala-nos de vontades, desejos e escolhas. De caminhos a seguir e do livre arbítrio. Do cair no vazio e no nada, que pode não ter salvação possível. Mas acima de tudo o autor dá-nos esperança.
«- AURIN é a porta que Bastian procurava. Trouxe-a sempre consigo desde o princípio. Mas nada do que pertence a Fantasia pode passar a soleira dessa porta, pois as serpentes não o consentem. Por isso, Bastian tem de renunciar a tudo o que a imperatriz Criança lhe deu.»