quarta-feira, 25 de julho de 2012

"sofrer de poesias"

..., André Neves, Brasil

«- Chovia no sonho? 
- Oh, Doutor, o senhor sofre mesmo de poesias, então chove nos sonhos? 
- Eu, poesias? 
- Não é de agora. O senhor já anda poetando há muito tempo. Por exemplo, quando o senhor me aconselha para eu cortar nas bebidas... 
- Acha que isso é poesia? 
- Então não é? Cortar-se na bebida? A gente pode cortar nas árvores, cortar na roupa, cortar sei lá onde, mas diga lá, Doutor, que faca corta um líquido? Só a faca da poesia.» 
Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto

3 comentários:

Isabel disse...

Giríssimo!
O texto e a imagem, como sempre.
Um beijo e bom fim-de-semana

Carlos Rocha disse...

É bem verdade que a poesia flutua à nossa volta; nas imagens, nos ditos, nos pensamentos...Mas pegar-lhe pela mão e trazê-la às páginas brancas de um livro não é coisa pouca ou para todos.

ps: Susana, tens sempre esse excelente condão de saber escolher as palavras (tuas) e os trechos certos para nos fazer crescer a curiosidade pelos romances que aqui expões.

susemad disse...

Obrigada, Isabel!
Finalmente entrei de férias! :)
Beijinhos


Tens toda a razão, Carlos Rocha!
Obrigada pelas palavras, amigo. Agora faz favor de diminuir essa curiosidade lendo estes romances. :p

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