..., André Neves, Brasil
«- Chovia no sonho?
- Oh, Doutor, o senhor sofre mesmo de poesias, então chove nos sonhos?
- Eu, poesias?
- Não é de agora. O senhor já anda poetando há muito tempo. Por exemplo, quando o senhor me aconselha para eu cortar nas bebidas...
- Acha que isso é poesia?
- Então não é? Cortar-se na bebida? A gente pode cortar nas árvores, cortar na roupa, cortar sei lá onde, mas diga lá, Doutor, que faca corta um líquido? Só a faca da poesia.»
Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto
3 comentários:
Giríssimo!
O texto e a imagem, como sempre.
Um beijo e bom fim-de-semana
É bem verdade que a poesia flutua à nossa volta; nas imagens, nos ditos, nos pensamentos...Mas pegar-lhe pela mão e trazê-la às páginas brancas de um livro não é coisa pouca ou para todos.
ps: Susana, tens sempre esse excelente condão de saber escolher as palavras (tuas) e os trechos certos para nos fazer crescer a curiosidade pelos romances que aqui expões.
Obrigada, Isabel!
Finalmente entrei de férias! :)
Beijinhos
Tens toda a razão, Carlos Rocha!
Obrigada pelas palavras, amigo. Agora faz favor de diminuir essa curiosidade lendo estes romances. :p
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