quarta-feira, 25 de julho de 2012

"sofrer de poesias"

..., André Neves, Brasil

«- Chovia no sonho? 
- Oh, Doutor, o senhor sofre mesmo de poesias, então chove nos sonhos? 
- Eu, poesias? 
- Não é de agora. O senhor já anda poetando há muito tempo. Por exemplo, quando o senhor me aconselha para eu cortar nas bebidas... 
- Acha que isso é poesia? 
- Então não é? Cortar-se na bebida? A gente pode cortar nas árvores, cortar na roupa, cortar sei lá onde, mas diga lá, Doutor, que faca corta um líquido? Só a faca da poesia.» 
Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Calgary"


Estou no Coliseu. Volto já! :)


Bon Iver no Coliseu dos Recreios, Lisboa


Foi simplesmente único!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Tu eras também uma pequena folha"

Fonte-Santa, Quarteira

«Tu eras também uma pequena folha 

que tremia no meu peito. 
O vento da vida pôs-te ali. 
A princípio não te vi: não soube 
que ias comigo, 
até que as tuas raízes 
atravessaram o meu peito, 
se uniram aos fios do meu sangue, 
falaram pela minha boca, 
floresceram comigo.»
Pablo Neruda

segunda-feira, 9 de julho de 2012

“A zanga é nossa jura de amor”

A vinda de Mia Couto aos algarves foi um pretexto para voltar aos seus livros, que sempre têm a capacidade de encantar. As suas palavras inventadas em histórias únicas transportam-nos para lugares quentes e cheios de cor. Ainda tenho muitas outras estórias para descobrir, mas a sua escrita começa apaixonar-me cada vez mais! 

Venenos de Deus, Remédios do Diabo é uma história muito bem humorada que nos fala de um médico português, Sidónio Rosa, que viaja até Vila Cacimba à procura de uma mulata moçambicana por quem se perdeu de amores em Lisboa. Deolinda é nome da amada que «não mora na terra», porque «é uma sombra.» 

Já em Vila Cacimba, Sidónio torna-se médico particular dos Sozinhos. Bartolomeu, um mecânico de navios reformado, que vivia fechado no quarto e que gostaria que o Doutor o curasse de sonhar e, Dona Munda, a esposa que vivia fechada dentro de si e que no final voltou a sonhar. Estes são os pais de Deolinda ou até não, porque aqui a «terra mente para viver.» E entre venenos e remédios, o médico vai sendo o ouvinte das confissões de amores ou desamores… 

«A beleza das mulheres, dizia um, é como esses dourados espinhos com que os bichos paralisam as vítimas. E os dois se aprovaram no seguinte: não existe mulher bonita, cuja beleza seja feita apenas de natureza. Existe, sim, o sentir da beleza. Mundinha não era a mulher mais bonita do Universo. Bartolomeu é que nunca olhara uma mulher de modo tão encantado. Esse amor crescera ao ponto de ele gostar dos pequenos ódios que ela lhe dedicava. Que mais ele podia continuar gostando?» 

«Em Vila Cacimba faz tanto nevoeiro que os homens, por vezes, não são mais que nuvens». É por entre névoa que lhe vão sendo revelados os segredos e mistérios das histórias não contadas pelos Sozinhos, por Suacelência ou até mesmo pela mensageira de vestido cinzento que chega para semear beijos-da-mulata, as flores do esquecimento, por toda a Vila Cacimba. Era hora de partir para o português, porque tudo o que tinha acontecido «não podia ser de outra maneira. É a vida que não tem remédio.» 

Mia Couto começa citando Mário Quintana, «A imaginação é a memória que enlouqueceu». Que o seja! Enquanto houver tresandarilhos, haverá muitas mais histórias para contar e enfeitiçar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Destino(s) de férias

Praia de Monte Clérigo, Aljezur

Destinos existem muitos! Aqueles pelos quais sonhamos uma vida toda e a maior parte das vezes não passam disso mesmo, de um sonho. Depois há os que queremos ir e vamos. Os que se proporcionam e nem sequer estavam na lista. Os planeados até à exaustão e que depois ficam a aguardar por melhores dias... Os que se descobrem assim como que num piscar de olhos e depois quase que saímos a reclamar o nosso direito sobre tal descoberta. E tantos e tantos outros... Na verdade, o que quero mesmo dizer é que sabe sempre bem partir, seja para onde for.

Os dias quentes estão aí e a mim agora só me apetece estar numa praia, de preferência dentro de água, de molho como o bacalhau. Por essa mesma razão, estava aqui a pensar num destino que repito todos os anos: Aljezur. É bem verdade que tenho praias a dez minutos de casa e que estas são de águas bem mais quentes, mas estas aproveito-as todo o ano e em dias calmos. Já em agosto, prefiro fugir para a Costa Vicentina! E uns dias, nem que seja um fim de semana, pelas praias da Amoreira, de Monte Clérigo (a preferida), de Odeceixe, da Arrifana, de Vale dos Homens ou da Carriagem, sabem tão bem.

Agora digam-me vocês, quais são os vossos destinos de verão em terra lusitana?  

Pinturas populares (últimos 30 dias)