Euskadi Ta Askatasuna, Pátria Basca e Liberdade
Estávamos nos anos 90. Eu era uma miúda e pouco ou nada ligava ao que passava de notícias na televisão. No entanto, estas estavam sempre a passar na hora do jantar. O meu pai não gostava de barulho naquela hora sagrada e nós irmãos, muito quietos, obedecíamos sem pestanejar.
Uma vez por outra lá havia alguma notícia que nos captava a atenção e já não tirávamos os olhos do pequeno ecrã.
Novo atentado da ETA. Na minha memória estão gravados alguns fragmentos sobre aquele passado recente. Em casa, não se falava sobre isso, por isso assistia, mas não entendia o que se passava. Sabia que não era muito longe daqui e que era algo mau.
Há uns dois anos vi na RTP um série sobre a ETA, A Linha Invisível. Gostei tanto, que despertou-me a curiosidade. Assim, quando soube da história deste livro de Fernando Aramburu sabia que tinha de o ler.
716 páginas que se lêem num ápice. Duas famílias em lados opostos, que retratam tão bem a dor e o sofrimento que marcaram o País Basco durante a luta armada da ETA. Uma história de sobrevivência, mas também de saber pedir/aceitar o perdão.
"Acabou-se. Daqui para a frente, sem mim. E nem sequer teve um movimento de sobrancelhas meses mais tarde, quando viu na televisão aqueles três encapuzados proclamarem que a ETA tinha decidido pôr fim à luta armada."