Terminei "O Infinito Num Junco" de Irene Vallejo. Levei de janeiro a dezembro a lê-lo. Quererá isto dizer que foi um mau livro? Não, de maneira alguma.
Desde que iniciei esta leitura que apercebi-me que iria ser assim, pois o livro impôs o seu ritmo e eu deixei fluir. Fui intercalando outros livros e sempre que "O Infinito Num Junco" chamava por mim eu regressava a ele.
Foi uma leitura bastante enriquecedora e fascinante. Nunca tinha lido nada da autora e gostei bastante desta descoberta. Ler Irene Vallejo foi encontrar imposição de ritmo de leitura, envolvência, sensibilidade, criatividade, paixão aos livros e até um toque de genialidade.
Na verdade este livro, que fala do objeto Livro, de livros e da sede de leitura, foi pura deleitação!
Penso que a leitura também teve outro prazer, porque a maioria dos livros que a autora refere já os tinha lido e daí houve uma outra identificação. Contudo, também fala de alguns que eu não conhecia e claro que fiquei curiosa por lê-los.
"A paixão do colecionador de livros é parecida com a do viajante. Toda a biblioteca é uma viagem; todo o livro é um passaporte sem data de caducidade."
Esta citação não podia ser mais perfeita.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
ritmo de leitura
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Palavras para ti, Pai
Um mês sem ti, pai.
Todos os dias conto mais um dia sem ti. Dizem que o tempo ajuda a atenuar a dor, o aperto no coração e que a saudade fica mais suave. Talvez seja assim, mas por agora choro-te pai. No silêncio, sozinha choro-te. Choro-te por já não estares connosco.
Por ter-te visto ir todos os dias mais um bocadinho. Por ter sentido a vulnerabilidade da vida através de ti e saber que não podia fazer nada mais do que estar contigo. E essa sensação de impotência foi dilacerante. Não te consegui valer, meu pai.
Porque a vida é assim mesmo, dizem-nos. Por isso, tive de aprender a gerir as emoções (quando ainda estavas connosco) e deixar-te partir.
Recordo estas últimas fotos que tirei-te com o teu neto e são o momento mais especial em que vos apanhei juntos. Ele a seguir as tuas pedaladas de ciclista e tu todo orgulhoso.
Por vezes, ele apanha-me num dia mais triste e pergunta-me se é por causa de ti que choro. Nesta última vez, ao dizer-lhe que sim respondeu-me: "- Sabes menina mãe quando eu fico triste, logo a seguir penso em uma coisa que me faz feliz."
E sabes o que me respondeu quando lhe perguntei no que pensa para ficar feliz?
"- Penso muito em batatas fritas, na praia e no cinco que dava ao avô".
E são estas pequenas conversas com o teu neto que me fazem sorrir no luto da tua perda. Choro-te de saudade, meu pai.
Seremos sempre cinco.
#sobreaperda #luto #vidaemorte
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