segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Assim é o amor

El Chaltén, Argentina

Quando ao fazer o trekking de Cerro Torre, em El Chaltén, ficas presa a uma paisagem, isso pode significar que no dia seguinte calças novamente as botas e sem pensar partes para o trilho da Loma del Pliegue Tumbado só para poderes ver aquela mesma paisagem vista de cima.

E de tanto subir já não sentes as pernas, mas mesmo assim continuas porque aquela paisagem persegue-te e queres vê-la de uma outra perspetiva. Queres apontar o dedo lá para baixo e dizer: "- Estás a ver aquela lagoa, ontem foi ali que estive. Exatamente ali."

Nos entretantos... Pode-se chamar a isso de amor?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Livros que falam de livros


Comecei a ler O Infinito Num Junco de Irene Vallejo. Só li apenas as primeiras 100 páginas, mas sendo este um livro que fala sobre livros, quis partilhar com vocês um leque de outros livros que falam sobre este amor aos livros:

  • A Biblioteca, Zoran Živković
  • Firmin, Sam Savage
  • O Vício dos Livros, Afonso Cruz
  • A Rapariga que roubava livros, Markus Zusak
  • A Oficina dos Livros Proibidos, Eduardo Roca
  • O Décimo Terceiro Conto, Diane Setterfield

E agora enquanto escrevo estas palavras lembrei-me de mais quatro livros, talvez até tenham sido os primeiros que li, e que já não foram a tempo de constar nesta fotografia:

  • Os livros que devoraram o meu pai, Afonso Cruz
  • A sombra do ventoCarlos Ruiz Zafón
  • Fahrenheit 451, Ray Bradbury
  • Se numa noite de inverno um viajante, Ítalo Calvino
Que outros livros conheces que queiras partilhar?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

"Então a metrópole afinal é isto"


Em boa hora decidi juntar-me a um grupo de leitura conjunta de O Retorno de Dulce Maria Cardoso. Assim, iniciei o novo ano com um livro magistral que me levou a uma leitura voraz.

A Tinta da China lançou uma nova edição em capa dura para comemorar os 10 anos do livro e foi esta que adquiri. E que bela surpresa foi ao deparar-me com o texto manuscrito pela autora, no início de cada capítulo!

Já tinha ouvido falar maravilhas deste livro desde o seu lançamento, mas fui sempre adiando a sua leitura, apesar do tema ser um atrativo: pós 25 de abril, descolonização, regresso dos portugueses à Metrópole.

A autora relata-nos esse nosso passado através da voz do filho mais velho de uma família de retornados. O Rui. E neste relato cru de um adolescente, vemos o quão duro foi esta perda, não apenas desta família, mas de tantas outras que tiveram de voltar. Famílias estas que eram vistas como "os restos do Império", "os exploradores", que retornavam a uma terra que já não era a sua terra, que tiveram de encontrar o seu lugar na Metrópole, mesmo quando não eram bem vistas. E que na verdade, também já não eram bem-vindas na terra que deixaram para trás. Havia que deixar para trás o passado e olhar para o futuro. Recomeçar. 

Dulce Maria Cardoso é uma contadora de histórias poderosa. O Retorno é um relato honesto sobre a Perda, mas também sobre a Memória e o que era o Mundo Português. Não há julgamentos, mas sim um convite à reflexão. Daí esta escolha sublime da autora colocar como narrador um adolescente de 15 anos. Um rapaz que observa, absorve e depois diz as coisas com a ousadia própria de um adolescente. 

Este livro trouxe-me também à memória uma excelente série que passou em tempos na RTP: "Depois do Adeus", deixo aqui a referência que vale muito a pena para quem não viu.

Pinturas populares (últimos 30 dias)