quarta-feira, 25 de novembro de 2015

«Viagem Literária»

5 de dezembro | 17h00 | Teatro das Figuras

A Viagem Literária vai passar por Faro. 

Etapa a etapa, o que equivale a dizer mês a mês e cidade a cidade, a Porto Editora cumpre uma Viagem Literária a Portugal. De norte a sul, do litoral ao interior, passando pelas ilhas, esta Viagem percorre várias cidades, para fomentar o gosto pela leitura e pelo pensamento. A cada sessão, o jornalista João Paulo Sacadura conversa com dois reconhecidos escritores. A entrada é gratuita e a Viagem já começou.

Confiram aqui se vai passar na vossa cidade. :) Se já passou o que acharam?

sábado, 14 de novembro de 2015

«A Gente Vai Continuar»


«Enquanto houver estrada p'ra andar 
A gente vai continuar 
Enquanto houver estrada p'ra andar 
Enquanto houver ventos e mar 
A gente não vai parar 
Enquanto houver ventos e mar»

liberté, egalité, fraternité

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

«Futuro Eu» | Aqui vou eu

Festival F, em Faro, 04-09-2015
Foto tonsdeazul, com trabalho gráfico de David Fonseca

«A sua resposta está certa e por isso acaba de ganhar um convite individual para o concerto de David Fonseca, este sábado, [dia 14 de novembro], no Teatro das Figuras, em Faro.»
Passatempo Sul Informação

P.S. Ai como eu gosto destas sextas-feiras 13! :)

terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Eu fico com o Miguel"

O Meu Irmão de Afonso Reis Cabral é um daqueles livros que têm a força de abanar e incomodar. É um retrato desconcertante e impiedoso, onde não existem sentimentalismos.

O livro, Prémio Leya 2014, conta a história de Miguel, do seu irmão (cujo o nome não sabemos), das suas quatro irmãs: Joana, Matilde, Inês e Constança (pouco referenciadas na história) e dos seus pais. Fala-nos do Tojal, uma aldeia isolada no interior do país, onde ainda resiste a Olinda, com o marido, Aníbal, e o filho, Quim. E também confidencia-nos o amor de Miguel pela sua Luciana.

O irmão de Miguel, um professor universitário divorciado, é quem nos narra a história, presente e passada, intercalando com os seus pensamentos ou quem sabe com a voz da sua consciência.

Miguel tem síndrome de Down e com a morte dos pais, o seu irmão mais velho decide ficar com ele, o que até é considerado um alívio para as irmãs. O irmão decide refugiar-se no Tojal, com o Miguel e, na calma aparente dos dias, espera voltar à cumplicidade da infância de ambos. Com ele, o Miguel «contaria com uma base sólida, a rotina que lhe era essencial.» Porém, o irmão nutre um amor quase que obsessivo por Miguel. O afastamento, a culpa e a redenção caminham lado a lado com a raiva, o ciúme e a violência.

«O terceiro tipo de sofrimento é o dos deficientes, já que se assemelha muito ao dos animais e ao das crianças em simultâneo. Ao dos animais, porque se encontram presos dentro da sua própria condição. Ao das crianças, porque é a alma que sofre. E neste, o sofrimento do Miguel. E não há muito que o irmão mais velho possa fazer. Os pais mortos, as irmãs ausentes, a Luciana. Parece que o Miguel se vai apagando de dia para dia, e apagando-se – como agora – em luta contra mim. Mantém-se vivo na aparência mas as saudades da Luciana já o mataram.»

A maturidade narrativa deste jovem autor de 25 anos é notória. Talvez por ser trineto de Eça de Queiroz, sinta aquela responsabilidade acrescida... Contudo, dei por mim, diversas vezes, a questionar-me com a sua capacidade de escrita. Como é que Afonso Reis Cabral conseguiu abordar um tema tão delicado de uma forma tão verossímil, objetiva e cruel? (Descobri, entretanto, que o autor inspirou-se na sua experiência pessoal, pois tem um irmão com síndrome de Down).

«Regressamos lado a lado, devagar, tacteando. Perto do caminho que sobe para nossa casa, estreito-o com força. Murmuro-lhe ao ouvido «Miguel, não sei o que dizer», e ele responde «Não digas nada».

Pinturas populares (últimos 30 dias)