Pode parecer mentira, mas ontem terminei de ler o primeiro livro deste ano, que já estava parado na mesa de cabeceira desde o ano passado. A falta de tempo e motivação para leituras foram os principais motivos, mas A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz também não correspondeu totalmente às minhas expetativas iniciais e daí ter arrastado a leitura.
Afonso Cruz é um autor genial e a sua subtileza com as palavras é contagiante, daí esperar sempre algo extraordinário nos seus livros! Como já namorava esta obra fazia algum tempo e a sinopse inspirava à leitura, não resisti e comprei-o. Não desgostei da história. Longe disso! Só que lá está, esperava algo diferente. Talvez a sinopse tenha-me induzido em erro, e também por isso, acabei por perder o entusiasmo na leitura a meio da terceira parte do livro. Que até é já bem no fim.
A primeira parte lê-se num ápice. As vidas de Bonifaz Vogel, um homem que tem uma loja de pássaros, de Isaac Dresner, um rapaz judeu que se esconde na cave do comerciante, e de Tsilia Kacev, uma judia com chagas que se junta àquela família improvisada, viciam-nos. Afonso Cruz agarra-nos e puxa-nos para dentro desta história alucinante e poética.
«- A porta do paraíso é a boca de um frasco - disse Isaac. - Era o que o meu pai me dizia: a boca de um frasco. Sabe porquê, Sr. Vogel? Por causa do macaco. Imagine um frasco de nozes. O macaco não tem dificuldade em meter lá a mão, mas quando pega nas nozes não consegue tirá-la. Terá de largar as nozes para ser livre. E o paraíso é assim, temos de deitar fora as nozes e mostrar as nossas mãos vazias.»
Já na segunda parte, ficamos a conhecer Mathias Popa, um escritor sem sucesso que um dia decidiu roubar um manuscrito a Thomas Mann e publicá-lo como se fosse seu. É nesta parte que surge-nos o livro "A Boneca de Kokoschka" de Mathias Popa, dentro do livro de Afonso Cruz, que conta-nos a história de Anasztázia Varga e da sua família.
As personagens tentam procurar-se, mas andam em constantes desencontros, como se andassem num labirinto que não tem fim. A história parece um jogo e o leitor perde-se entre o real e o fictício. A Boneca de Kokoschka não é de todo uma leitura perdida. Nesta história complexa, o poder imaginativo de Afonso Cruz continua a surpreender.
5 comentários:
Oi Suze =) Nem imaginas o que eu namorei "o caderno de Maia" , de Isabel Allende... Fiquei mais de um ano para o ler... Fiquei tão desiludida, foi o 1º livro que abandonei, imagina só a desilusão, nem o consegui acabar! :( Juro que não é por ser portuguesa, mas os melhores autores são os portugueses :D beijinho
Nunca li nada dele, apenas um livro infantil. Tenho "O pintor debaixo do lava-loiça", mas ainda não li.
Também li poucos livros, este ano. Nos últimos anos tenho lido menos. Trabalho muito mais e também noto que tenho mais dificuldade em me concentrar, se estou cansada.
Também tenho o blogue há quase quatro anos e o tempo que lhe dedico (ao meu e à leitura dos que visito)rouba-me tempo de leitura. Mas tenho aprendido muito. Dou o tempo por bem empregue.
Bom fim-de-semana:)
A sério, Carina? Olha que gosto tanto dos livros de Allende que não imaginava que ela pudesse ter algum livro mais aborrecido.
Sim temos excelentes autores e os da nova geração são surpreendentes.
Beijinhos
Olá Isabel,
Esse que referes está ligado a este meu através de um personagem, o judeu que se esconde debaixo do lava-loiça. 😉
Como te compreendo. Eu voltei às leituras esta semana. Vamos lá ver se consigo manter a motivação.
Bom fim de semana!
Este ainda não li. Mas, tal como tu, gosto de Afonso Cruz, do que li dele... :)
Beijocas
E já tive oportunidade de assistir a uma palestra dele e gostei imenso. É uma simpatia! ;)
Lá por esta sua obra não me ter fascinado tanto, não vou deixar de o ler.
Beijoca e uma boa semana!
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