sábado, 26 de novembro de 2011

Pego do Inferno

Pego do Inferno em Santo Estêvão, Tavira

O Pego do Inferno, apesar de muito procurado por turistas na época balnear e não só, ainda continua a ser um doce recanto de sossego, que dá para desfrutar no Barrocal Algarvio. 
Nos meus tempos de cachopa (ou como dizem as gentes dos algarves, de moça pequena) esta zona era bem mais inacessível, mas agora com as obras de requalificação, que ficaram enquadradas na paisagem, todos os caminhos ficaram bem mais fáceis para até ao Pego chegar. 
O Pego do Inferno situa-se na freguesia de Santo Estêvão, a 7 km de Tavira, e é uma das quedas de água da ribeira da Asseca. 
E desta queda de água, a formar uma lagoa, de uma cor límpida esverdeada, mas com um fundo a não se deixar ver na zona da queda, só poderia sair uma lenda, ora pois!

Eu ouvir dizer não ouvi, mas o meu pai conta que as gentes lá da terra (que sempre têm coisa para contar) ouviram dizer que há uns bons anos esta queda de água não era coisa divina, não. E nem vinham cá turistas em busca desta maravilha que agora lhe chamam da natureza... Pois esta queda era mesmo um Pego do Inferno, é o que era! 
As gentes contaram-lhe que, num dia de calor andava uma junta de bois a lavrar a terra, como sempre lavrava de sol a sol, e por isso nada previa que nesse dia a lavoura iria ser diferente... 
Mas o certo é que as moscas incomodam os animais (e não só) e como o dia estava de muito calor, as moscas não pararam de rodear e incomodar os bois. Os bichos que estavam no sossego do seu trabalho começaram a ficar com a mosca e já não suportando mais deu-lhes para fugir pelas hortas a fora com o arado de arrasto. A junta de bois inquieta foi por ali abaixo numa correria despegada e só parou quando caiu lá em baixo. E nunca mais se viram os bois chegar à superfície. 
Não havia nada que caísse, que tivesse a sorte de vir ao de cima. A queda de água puxava para baixo e desaparecia com tudo o que ali caísse! Assim, ficou o Pego do Inferno. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

o nascer da Terra

Un Sembrado de Estrellas, Patricia López Latour, Argentina

«Não é da luz do sol que carecemos. Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver. O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza. Só o luar revela o lado feminino dos seres. Só a lua revela intimidade da nossa morada terrestre.
Necessitamos não do nascer do Sol. Carecemos do nascer da Terra.»
Contos do Nascer da Terra, Mia Couto

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Trilho de Almeida

Percurso: Pedestre 
Localização: Almeida, Guarda 
Distância aproximada: 2 km 
Duração aproximada: 1 hora 
Grau de dificuldade: Baixo 

Aqui estamos no nosso segundo destino. Almeida é uma vila muito característica, pois as muralhas que a protegem são em forma de estrela. Pena que esta imagem deslumbrante da fortaleza de Almeida só seja possível vista de cima ou em formato postal. 

Começámos o nosso percurso pedestre na entrada da fortaleza, mas como o dia estava bonito, paramos de imediato para tirar umas fotografias à entrada da porta de São Francisco. Afinal esta é considerada uma das mais bonitas do país! 
Ao passarmos o túnel, temos o Quartel das Esquadras e um pouco mais à frente a Igreja da Misericórdia e seguindo o percurso vamos dar às Casamatas. Estas salas e corredores subterrâneos tinham como função acolher a população em caso de ataque, mas mais tarde também serviram de prisão. Mas continuemos a nossa caminhada até às ruínas do Castelo e ao Palácio da Vedoria. Depois passámos pela Igreja Matriz e subimos às muralhas da fortaleza para vislumbrar a vila e a paisagem em redor.

Próxima paragem: Castelo Rodrigo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

"ele, era outra coisa"

unbroken heartValery Milovic, EUA

«Jorge parou em frente dela e ficaram ambos, alguns instantes, de olhos nos olhos, esforçando-se por devassar o segredo impenetrável dos seus corações, de sondar o seu pensamento a fundo. Procuravam ver a nu as suas consciências, numa interrogação ardente e muda. Luta íntima de dois seres que, embora vivessem lado a lado, sempre se ignoravam, suspeitavam um do outro, se farejavam, se espreitavam, sem nunca se conhecerem até ao fundo lodoso da alma.» 
Bel-Ami, Guy de Maupassant

sábado, 12 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

preso à solidão dos livros

Tomasz Pietrzyk, Polónia 

«Você tem George. Sabe que ele voltará. Mas imagine se não tivesse ninguém. [...] Imagine que tinha de ficar aqui sentado, a ler, a ler. Os livros não servem. Um homem precisa de alguém, alguém que esteja perto. Uma pessoa fica louca quando não tem ninguém. Não importa quem seja o outro, desde que esteja acompanhada. Eu lhe digo - gritou-lhe - eu lhe digo que uma pessoa sente-se tão só que até fica doente.»
Ratos e Homens, John Steinbeck

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

marca páginas


Estes são alguns dos meus marcadores de livros que a Diana gentilmente publicou no seu blogue Papéis e Letras. Se quiserem conhecer mais alguns podem sempre dar um pulinho até lá. 
Ou então, também podem participar enviando fotografias das colecções de marcadores que tenham aí por casa para o endereço electrónico papeiseletras@gmail.com. Participem! *
  

sábado, 5 de novembro de 2011

"este aborto a que chamávamos amizade"

Já devo ter escrito algures aqui de que gosto e tenho sempre curiosidade em ler os escritores laureados com o prémio Nobel. Nem sei bem o porquê. Talvez seja a ânsia de descobrir algo de extraordinário que ainda não tenha lido num outro escritor.  Nesta busca constante li Rudyard Kipling, William Yeats, Luigi Pirandello, Pearl S. Buck, Hermann Hesse, Ernest Hemingway, Albert Camus, John Steinbeck, Pablo Neruda, Saul Bellow, Gabriel García Márquez, Nadine Gordimer, José Saramago, Günter Grass, Imre Kertész, Orhan Pamuk e Doris Lessing. No vasto leque de autores, encontrei estilos bem distintos e marcantes, outros nem tanto. Todos eles sempre me permitiram desfrutar de histórias únicas, que no final deixavam-me a vontade de voltar num futuro próximo. Sendo que a todos eles voltei, ficando até viciada em Hemingway, Camus, Steinbeck, García Márquez e Saramago (o único que descobri a obra antes do prémio).
Isto tudo para dizer, que no mês passado terminei mais um Nobel, Os Anões de Harold Pinter, e tive a minha primeira desilusão “nobelesca”.  As únicas expectativas que tinha eram: se é Nobel então será com toda a certeza uma boa leitura! Pois, grande erro. Ao 18.º Nobel descobri a excepção.

«O que eu quero que tu entendas, acima de tudo, é que devemos ter uma oportunidade de deixar um olho negro um ao outro, se decidirmos que é preciso. E também que, pessoas como tu e eu, que não são propriamente uma bênção pura, deviam sobreviver a uma história de amor sem se tornarem ressentidos, estúpidos ou cegos.»

Os Anões centra-se na vida de quatro personagens, Len, Mark, Pete e Virginia, que tem uma relação com este último.
Nos primeiros capítulos apercebi-me de imediato que o livro é  quase todo ele com diálogos e assim senti-me como que reconduzida para uma peça de teatro. Claro que não era este o motivo para colocar o livro de lado, pois experiências anteriores tinham-me surpreendido bastante. Só que os primeiros capítulos não entusiasmavam a continuar. Como romance este livro não estava a desempenhar bem o seu papel e como peça de teatro escrita também não me estava a convencer. Se estivesse a presenciá-la em palco seria uma outra questão e até quase que arrisco a dizer que iria adorar a peça! Mas assim surgiu a dualidade: ler ou largar? 254 páginas foram o pretexto para continuar.

A história está dividida em três partes e começa com Len e Pete a esperar por Mark na casa deste. Enquanto esperam pela chegada de Mark vão espreitando os recantos da casa e conversando sobre trivialidades. Os diálogos soam a absurdo e sem sentido, apesar de nem sempre o serem. E por vezes até parece que estão a ter uma conversa de surdos.
Ao longo dos capítulos vamos conhecendo um pouco de todos eles. Len trabalha numa estação de comboios, mas dedica-se também à música. Pete trabalha num escritório e passa os dias a desmiolar a cabeça da sua namorada Virginia com as suas argumentações de pseudo-intelectual. E Mark é um actor ao que parece falhado, que adora andar encaixado em mulheres, não colocando de lado a sua possível tentativa com Virginia. 
Os três amigos aparentemente têm uma amizade forte, sendo Virginia a figura extrínseca que poderá mexer nas arestas desta amizade, uma vez que a relação entre os três também tem as suas limitações: está restrita à intimidade de cada um, é frágil, impetuosa, perturbante e destrutiva.
Todo o ambiente em que se movimentam parece vazio e inseguro. Os personagens vão deambulando umas vezes pela casa de Mark, outras pela casa de Virginia, outras ainda por um parque ou por um pub qualquer da cidade londrina. Entre os diálogos e monólogos vão-se revelando as fragilidades e frustrações que, de capítulo em capítulo, encaminham-se para a nudez da verdade. Nestas controversas interlocuções, os nossos amigos ora argumentam sobre Shakespeare e Bach, ora discutem sobre os autocarros que fazem o percurso de Notting Hill, ora falam sobre o absurdo. E como já o disse, parece que não há um sentido. Os personagens andam perdidos entre si e os seus diálogos também. Existe um certo caos e uma certa vertigem em toda a história. O fim encontra a degradação destrutiva da amizade.

Todo este niilismo podia entusiasmar, mas sinceramente não me cativou. Talvez não fosse a altura ideal para o ler... O certo é que se o autor tivesse mais algum romance, eu não voltaria a lê-lo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Trilho de Castelo Mendo

«-Vieram visitar a aldeia? Hum... E são de muito longe? Passem ali na minha casa que tenho uns bolinhos muito bons. Não querem um santinho? É para ajudar a fazer a procissão de domingo... É que somos tão poucos aqui na aldeia. 27 apenas...»

Percurso: Pedestre
Localização: Almeida, Guarda
Distância aproximada: 1,5 km
Duração aproximada: 30 minutos
Grau de dificuldade: Baixo

Castelo Mendo é uma freguesia do concelho de Almeida que integra a rede de Aldeias Históricas de Portugal. Já fazia algum tempo que queríamos visitar as aldeias deste projecto que se localizam nos distritos da Guarda e Castelo Branco e por isso, foi por esta que decidimos iniciar o nosso primeiro trilho em busca destas doze aldeias.

O percurso pedestre começa e termina na porta da aldeia. O tempo bastante ameno permitiu que esta descoberta de uma hora começasse da melhor maneira. Embora o percurso se faça em 30 minutos, há que dar tempo para apreciar a paisagem!
O Chafariz Novo, o Alpendre da Feira, o Pelourinho, o Castelo e a Igreja de Santa Maria do Castelo são alguns dos locais obrigatórios de passagem.

Próxima paragem: Almeida.

Pinturas populares (últimos 30 dias)