Grão Kan manda chamar Marco Polo e pede-lhe para descrever uma nova cidade…
Para conhecer Sana é imprescindível a arte do pulo. Só assim é possível entrar na cidade, pois perder o instante é ficar na linha de partida como o viajante que apenas vê passar comboios.
Sana é uma cidade bola de sabão, que tudo vê. Onde não se percorrem ruas, nem calçadas. Flutua-se.
Através de Sana, vislumbra-se ao longe as outras cidades invisíveis, mas não é permitido vê-la pela íris do viajante. A cidade deixa-se ver em outros olhos.
A lua aparece nas manhãs sob o céu azul e o sol brilha nas noites, por baixo do lençol de mar.
Em Sana o tempo é irrelevante. A passagem não se dá entre os vivos e os mortos.
As casas são de madeira e encontram-se penduradas por molas em fios de lã multicolor. O solo é coberto por um largo braço de mar, que esconde as ruínas da cidade e as cidades que no futuro serão Sana.
Puff! Assim rebenta a cidade e o viajante pode continuar o seu caminho. Logo o vento sopra por baixo do largo braço de mar, que se espalhou pela terra e uma nova cidade de Sana toma forma. Esta sobe bem alto para trilhar outras viagens, outras vidas.
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Baseado no livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino.
5 comentários:
Se Sana é uma cidade bola de sabão, não sei! Agora que a fotografia é absolutamente fantástica, não restam dúvidas... :D
Beijocas!
Belissimo, o texto!
"Em Sana o tempo é irrelevante"
Tenho a impressão que o segredo da arte de viver passa muito por essa ideia; afastar-mo-nos do tempo, subir acima dos relógios...
Li este livro este ano. Um belíssima leitura que nos faz viajar...
Um abraço e um óptimo 2010!
Boa fotografia e excelente blog, parabéns!
Feliz 2010, já sou seu seguidor :)
(www.pagina626.blogspot.com)
Tenho de voltar a ler qualquer coisa de Calvino; é excepcional.
Tons de azul, espero que o Ano Novo te traga muitas coisas boas e... obrigado pelo teu blog.
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