No outro dia, fui passear e perder-me em mais uma feira do livro. Desta vez, na Feira do Livro e do Artesanato na marginal de Quarteira. Andava distraída a passar os dedos pelas capas dos livros, quando parei por momentos numa banca e ouvi o livreiro a dizer-me: "Tire um!" De braço estendido ofereceu-me um cigarro do seu maço poético. Surpreendida, sorri e respondi: aceito, desses eu fumo.
Glosando o Mote:
«MORTE, JUÍZO, INFERNO E PARAÍSO»
Em que estado , meu bem, por ti me vejo,
Em que estado infeliz, penoso, e duro!
Delido o coração de um fogo impuro,
Meus pesados grilhões adoro e beijo:
Quando te logro mais, mais te desejo,
Quando te encontro mais, mais te procuro,
Quando mo juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.
Assim passo, assim vivo, assim meus fados
Me desarreigam d'alma a paz, e o riso,
Sendo só meu sustento os meus cuidados:
E, de todo apagada a luz do siso,
Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados
«Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.»
Bocage
Glosando o Mote:
«MORTE, JUÍZO, INFERNO E PARAÍSO»
Em que estado , meu bem, por ti me vejo,
Em que estado infeliz, penoso, e duro!
Delido o coração de um fogo impuro,
Meus pesados grilhões adoro e beijo:
Quando te logro mais, mais te desejo,
Quando te encontro mais, mais te procuro,
Quando mo juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.
Assim passo, assim vivo, assim meus fados
Me desarreigam d'alma a paz, e o riso,
Sendo só meu sustento os meus cuidados:
E, de todo apagada a luz do siso,
Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados
«Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.»
Bocage