Hope, autor desconhecido
«Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! Maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas.»
«Dies Irae», in "Cântico do Homem", Poesia Completa, Miguel Torga
2 comentários:
Apetece tanta coisa... e de repente apetece apenas ficar parado, à espera, como se nada valesse a pena.
Caramba, a gente até sabe que é preciso correr; é preciso gritar, rir,gargalhar, talvez até fugir...
mas a força de nada fazer é tão grande...
Não conhecia, mas Torga é sempre genial... :)
Beijocas
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