Cem Sonetos de Amor. Assim se chama o livro de Pablo Neruda (Prémio Nobel da Literatura, 1971) publicado em 1959. Os cem sonetos estão divididos em quatro partes: Manhã, Meio-dia, Tarde e Noite. Neles, Neruda expressa todo o seu amor.
O escritor confessa à sua amada "Matilde" (e a nós leitores), que grande foi o seu sofrimento ao escrevê-los, mas que a sua alegria em oferecê-los a ela era ainda maior.
Palavras apaixonantes para este quente mês de Agosto e dos cem sonetos, este que transcrevo foi o que mais gostei.
Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.