terça-feira, 28 de março de 2006

A palavra e o ser jogam à cabra-cega

"Criar uma palavra é criar um ser e isso é maior do que nós, porque vive em si mesmo na sua estranha independência. Que é que dizemos na palavra que dizemos? Que é que a palavra diz, para lá do que diz? Porque toda a palavra é um foco de irradiação que todos os domadores dela não conseguem domar. E a profunda verdade de nós é o que não sabemos e ela sabe. E onde a palavra que nos diga o que não sabemos dizer? (...) A verdade de nós e a da palavra que o disse brincam connosco à cabra-cega e nunca as apanhamos."
Vergílio Ferreira, Pensar

domingo, 19 de março de 2006

No vazio, na noite, no silêncio…

As palavras, ainda não esquecidas e sempre lembradas,
batem à porta dos pensamentos perdidos e das lágrimas abafadas,
na escuridão branca da solidão.
Nos olhares, nas mãos, nos corpos…
As tempestades ausentes, não apagam e nem esquecem,
os sentimentos que caminham no gélido silêncio insensível.
Vida incerta talvez...
D
estinos incompletos que caminham por entre águas turvas e revoltas,
que guardam a nostalgia de sorrisos, de toques, de cumplicidades...
Nos verdes vales, TU, coração, te foste esconder.
Os ventos já não trazem notícias por entre uma folha e outra.
E as chuvas ainda choram no nevoeiro,
No vazio, na noite, no silêncio...

quinta-feira, 9 de março de 2006

Pinceladas na escrita

Neste mês de Março as pinceladas na escrita vão para o livro Nem tudo começa com um beijo de Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira.
A história escrita num "realismo mágico" apresenta-nos "o mundo como sendo uma casa, que tem Cave e Sótão".
Assim, conta a vida de Fio Maravilha e do seu grupo de amigos, como o Gelatina, o Molécula e o Armando Pantera que vivem nos buracos dos esgotos de uma grande cidade! Neste mundo escuro onde a luz não entra, não existe esperança, apenas abismo, dor e sombras.
Em oposição, temos o sótão que é a cidade onde vive Nuvem Maria. Um mundo luminoso, mas onde os prédios têm vista para a solidão humana! As pessoas cruzam-se, mas não se conhecem! E é neste mundo cheio de luz e cor que Fio Maravilha descobre Nuvem Maria sentada num banco de jardim. Aqui, nasce o amor impossível entre eles, pois "na Cave, Nuvem Maria não era desejada e no Sótão, Fio Maravilha não tinha futuro." Até ao dia em que a terra treme e tudo destrói e todos mata...
E o final não conto! A narrativa é acompanhada por ilustrações que acompanham a história em paralelo.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Banco de Jardim

Banco de jardim,
que te encontras de costas voltadas para o mar,
que escondes tu?
Memórias de dois corpos ausentes,
palavras e pensamentos,
sorrisos e olhares,
toques e silêncios,
medos e frustrações,
desejo e solidão.
Banco de jardim, de costas voltadas para o mar,
guardas o vazio de nada mais encontrar...
Na tua madeira gélida e podre,
um corpo solitário por alguém espera.
Sem cobranças, nem promessas,
mas com ilusões e sonhos.
No olhar desse corpo continua o brilho e a ânsia
de poder estar novamente ao lado do outro corpo fugido,
mas em cada espera e desejo fica sempre a desilusão
de estar sempre a acordar nas nuvens.

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