segunda-feira, 23 de setembro de 2013

«A Leitora»

Through The Pages, Nom Kinnear King, Reino Unido

«A leitora abre o espaço num sopro subtil. 
Lê na violência e no espanto da brancura. 
Principia apaixonada, de surpresa em surpresa. 
Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco. 
Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra. 

Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento. 
Desce pelos bosques como uma menina descalça. 
Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva 
em chama de água. Na imaculada superfície 
ou na espessura latejante, despe-se das formas, 

branca no ar. É um torvelinho harmonioso, 
um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira 
na sede obscura de palavras verticais. 
A água move-se até ao seu princípio puro. 
O poema é um arbusto que não cessa de tremer.» 
in Volante Verde, António Ramos Rosa

não sei o que é chegar, 
porque a minha vida é feita de partidas...
(1924-2013)

4 comentários:

Isabel disse...

Gostei muito do poema e igualmente da bonita imagem!
Boa semana!

Nick_Fênix27(Name_Célia Maria) disse...

Oi!
Passando para conhecer e adorei,seu poema tem o brilho,e o encanto da natureza.Simplesmente lindo.
Já estou a te seguir,e faço o convite para que conheça o meu cantinho,espero que goste.
Felicidades.
http://www.celiamariadesousarrudajacobino.com

susemad disse...

Sim é um poema lindíssimo, Isabel!
Não tenho tido tempo para visitar o teu espaço, mas espero voltar a ele brevemente.
Um beijinho


Olá Célia Maria,
Obrigada pela visita. :)
Atenção que o poema não é meu! Jamais conseguiria alcançar a singeleza de tão maravilhoso poeta, como António Ramos Rosa.
Até uma próxima.

Mar Arável disse...

Bela mamória

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