sexta-feira, 29 de maio de 2009

V Festival Internacional de BD de Beja

V Festival Internacional de BD de Beja
Começa amanhã, dia 30 de Maio, mais um Festival Internacional de BD de Beja, que terá lugar na Bedeteca de Beja - Casa da Cultura.

A abertura do Festival contará com a presença dos autores:
Alex Gozblau, André Lemos, Andreia Rechena, Carlos Apolo Martins, Carlos Bruno, Carlos Rocha, Catarina Guerreiro, Cláudia Dias, Craig Thompson, Denis Deprez, Diogo Campos, Diogo Carvalho, Fernando Gonsales, Filipe Abranches, Gary Erskine, Hugo Teixeira, Inês Freitas, João Lam, João Maio Pinto, José Feitor, Lobato, Luís Belerique, Luís Guerreiro, Luís Henriques, Lorenzo Mattotti, Marco Mendes, Maria João Careto, Miguel Carneiro, Nelson Nunes, Paulo Monteiro, Pedro Brito, Pedro Burgos, Pedro Rocha Nogueira, Phermad, Ricardo Reis, Richard Câmara, Rosa Baptista, Rui Cardoso, Rui Ramos, Selma Pimentel, Susa Monteiro, Tânia Guita, Telma Guita, Véte e Zé Pedro (autores representados nas exposições).

Alguns destaques da programação:
Sábado, 30 de Maio
16h00 às 16h15

Lançamento do livro "O Maior de Todos os Tesouros", de Carlos Rocha, e lançamento do Venham + 5 n.º 6. Apresentação de Paulo Monteiro, com a presença dos autores.

Domingo, 31 de Maio

15h00 às 15h15
Salvar o Albatroz - Apresentação do Projecto Celacanto, por Marc Figueiredo.

15h45 às 16h00
O Menino Triste, por João Mascarenhas.

17h45 às 18h00
Apresentação do fanzine All-Girlz Galore, por Daniel Maia, com a presença das autoras.

Sala de ateliers
16h00 às 17h00

Workshop de Mangá, com as autoras do colectivo Luminus Box.

Sábado, 13 de Junho
15h00
Cerimónia de entrega dos VII Troféus Central Comics.

Mais informação em:
http://www.festivalbdbeja.net/

quinta-feira, 21 de maio de 2009

«Um Homem Obscuro»

Como a Água que Corre, de Marguerite YourcenarComo a Água que Corre reúne três novelas escritas pela autora Marguerite Yourcenar: «Anna, Soror…»; «Um Homem Obscuro» e «Uma Bela Manhã».
Debruço-me apenas na segunda novela, pois foi a que mais me cativou e preencheu.
Adianto que a primeira retrata o tema do incesto entre irmãos e a última fala-nos da vida de Lázaro (o filho do personagem principal da segunda novela).

Em «Um Homem Obscuro» deparamo-nos logo nas primeiras linhas com a morte do personagem principal, Natanael. Contudo, o percurso da história dá-nos vontade de continuar a conhecer a vida de Natanael, antes da sua morte.
Natanael é um rapaz de dezasseis anos que namora com Janet e ajuda um mestre-escola, até ao dia em que se vê obrigado a fugir por agredir um bêbado na rua. Ao embarcar num navio, perde quatro anos da sua vida numa Ilha Perdida, onde conhece Foy. O seu novo amor. Foy entretanto morre e Natanael decide que é tempo de partir...
Regressado a Amesterdão começa a trabalhar com o seu tio avarento na oficina, como revisor de livros. Uma certa noite conhece Sarai, uma judia, que era ladra e prostituta e com quem casa, quando ela engravida. Quando um dia vai visitar Sarai, após o nascimento do filho Lázaro, Natanael encontra-a com um cavaleiro. Sem nada dizer vai-se embora. Depois de muito caminhar acaba por cair na neve e nela ficar até ser encontrado. Dias mais tarde acorda num hospital, onde após recuperado é levado para uma casa de ricos, ficando a trabalhar por lá.

«Maravilhava-se Natanael de que estas gentes, de quem há um mês nada sabia, ocupassem agora tão grande lugar na sua vida, até ao dia em que dela sairiam, como acontecera com a sua família e com os vizinhos de Greenwich, com os colegas de bordo, com os habitantes de Ilha Perdida, com os empregados de Elias e as mulheres da Judenstraat. Porquê estes e não outros?»

Os dias vão passando... E numa certa manhã de Março, a doença de Natanael agrava-se. É então enviado para uma das ilhas da costa frísia, onde acaba por morrer.

O percurso de Natanael é um mar cheio de aventuras e emoções. Está sempre rodeado de pessoas, que assim como entram, também desaparecem da sua vida. No fim é deixado só. Só, com a morte. “[A] morte está em nós”, disse para consigo Natanael.

terça-feira, 12 de maio de 2009

“O maior drama é o das consciências.”

Fátima. Fotografia de Rogério.

“Se Deus não existe… O pior de tudo é que digo e afirmo – Deus não existe! – mas na realidade não sei se Deus existe ou não. Não há nada que o prove – ou que prove o contrário. O pior de tudo é que eu sinto uma sombra por trás de mim e não sei por que nome lhe hei-de chamar. O pior que podia acontecer no mundo foi alguém pôr esta ideia a caminho.

Mas mesmo que Deus não exista, tenho medo de mim mesmo, tenho medo da minha alma, tenho medo de me encontrar sós a sós com a minha alma, que é nada, o fim e o princípio da vida e a razão do meu ser. Mesmo que Deus não exista e a consciência seja uma palavra, há ainda outra coisa indefinida e imensa diante de mim, ao pé de mim, dentro de mim.

Mas se Deus não existe – se Deus não existe que me fica no mundo? Sou nada no infinito. Fui tudo – e sou nada. Leva-me a força bruta. Sou o acaso na mistificação. Sou menos que nada no monstruoso impulso. Se Deus não existe tanto faz gritar como não gritar. Não tenho destino a cumprir: saio do nada para o nada. Nas mãos da força bruta que sou eu no mundo que grito, que discuto, que clamo?… Atrás deste infinito vivo, há outro infinito vivo. Atrás desta impenetrabilidade, há outra camada de impenetrabilidade, outra vida ainda, outro desespero sôfrego. Não encontro aqui lugar para Deus que me ouça, que me atenda, ou que saiba sequer que existo.

Os gritos são inúteis, tu não me ouves. Estou só neste absurdo que me impele e esmaga… Que não houvesse o céu, que houvesse o inferno! Só o inferno! E nem o inferno existe!…”
«O Sonho em Marcha», in Húmus, de Raul Brandão

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