O Palácio dos Condes de Sástago, localizado na rua do Coso, é um dos locais em Saragoça que merece uma visita e se tiverem oportunidade, optem por uma visita guiada. A entrada é gratuita.
De estilo renascentista, este palácio já foi residência de reis e sede do Conselho de Guerra.
Ao entrar no Palácio, os olhos tendem a direcionar de imediato para o amplo pátio interior que é lindo. Já nas salas do piso inferior podem usufruir de diversas exposições.
Agora a parte melhor é que se optarem por uma visita guiada, para além de ficarem a saber mais sobre a história do Palácio, irão ter acesso ao piso superior onde estão as salas e salões nobres, como a Sala do Trono e esta biblioteca maravilhosa que é a jóia do Palácio.
No dia em que visitámos o Palácio éramos só nós os três e por isso tivemos o guia em exclusivo, que foi uma simpatia e super disponível para esclarecer todas as nossas curiosidades. Ainda por cima era um apaixonado por Portugal e pela nossa História.
Segundo o guia, esta biblioteca recebe visitas noturnas de fantasmas. 👻 Hum... Acreditarias?
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
"Alá sabe melhor"
Há anos que queria ler "Para onde vão os guarda-chuvas" de Afonso Cruz e há anos que adiava pegar nele. Agora que finalmente o li, aceito que foi lido no tal chamamento certo.
Este é daqueles livros que nos inquietam e sei que os personagens ficarão comigo por muitos anos. O que tem de belo, também tem de doloroso em igual dose.O que fica de nós depois da perda? Como se cura um coração de pai? Como se pode quebrar a corrente do ódio? Será a fé o remédio para a salvação? Para onde vai o que perdemos? Existe o Bem na mesma proporção do Mal? Haverá um "equilíbrio absurdamente/moralmente/esteticamente desequilibrado” compreensível no mundo?
Esta é uma história passada num Oriente efabulado, com muitas histórias dentro. E estas têm tanto de desumanas e cruéis, como de sofridas e mutilantes.
Fazal Elahi é a peça crucial neste tabuleiro de xadrez que é a vida. E todos os outros personagens, tão complexos, vão movimentando-se entre espaços brancos e negros, entrelaçando-se nas vidas uns dos outros.
Só que Elahi é especial, porque teve a audácia de não ser somente um peão. Quebrou o que está escrito, porque acreditou que tinha o poder da decisão. A sua fé muçulmana levou-o a adotar Isa, uma criança americana e cristã. Daí que tece-nos uma tapeçaria multicolor da sua vida, que transborda tanto de poesia, como de chagas.
No final, não queria fechar o livro, por não querer terminar com uma dor profunda no peito, enquanto ouvia ecoar "escarlatina, escarlatina, escarlatina."
As palavras de Afonso Cruz são poesia filosófica, tanto que as 567 páginas voaram-me pelos dedos. Desde então que ando há dias a tentar assimilar a finitude da vida e a infinitude da morte. Do quanto somos infinitamente pequenos e a diferença que fazia se calçassemos os sapatos uns dos outros.
"Alá sabe melhor." ☂️
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