sábado, 20 de julho de 2024

"História de um desastre nuclear"


☢️ "Catorze dias é quanto dura a evolução da síndrome aguda da radiação. Em catorze dias uma pessoa morre..."

"A noite de 26 de abril de 1986... Numa só noite deslocámo-nos para um outro lugar da História."

"Demorei a escrever este livro... Quase vinte anos... Encontrei-me e conversei com antigos trabalhadores da central, cientistas, médicos, soldados, samosely [cidadãos que depois de evacuados preferiram voltar às suas casas]..."

"Durante toda a nossa vida, ou estávamos em guerra ou nos preparávamos para a guerra, sabemos tanto sobre ela - e de repente! A imagem do inimigo mudou."

"Nos primeiros tempos éramos todos transformados em objetos raros."

"O mundo está dividido: existimos nós, chernobylianos, e existem vocês, todas as outras pessoas. Reparou nisso? Nós aqui não especificamos: sou bielorrusso, sou ucraniano, sou russo..."

"Chernobyl acelerou a desintegração da União Soviética."

"A minha primeira viagem à Zona...

Durante a viagem eu pensava que estaria tudo coberto de cinzas. [...] Chegas e vês tudo bonito."

"... se eu não posso mudar nada na vida deste homem, tudo o que posso fazer é comer com ele a sanduíche contaminada, [...]".

"Veio para casa todo feliz... Com uma condecoração..."

"Fomos enganados. Fora-nos prometido que regressaríamos três dias depois."

"E eles não compreendiam o que tinha acontecido, queriam acreditar nos cientistas, em qualquer pessoa letrada, como um sacerdote. Mas ouviam repetidamente: <<Está tudo bem. Não tem nada de mal. É só lavar as mãos antes de comer...>> [...] estivemos todos envolvidos... No crime... [Silêncio.]"

Quis somente transcrever algumas das "Vozes de Chernobyl" para vos falar deste livro de Svetlana Alexievich, que me marcou profundamente. 

Não há palavras que consigam abarcar a dimensão desta tragédia. A autora soube fazê-lo de uma forma notável e impactante.

terça-feira, 9 de julho de 2024

24| livrarias e bibliotecas no mundo


 "Lee, lee, lee

y ensancha el alma" ❤️

José Miguel Valle


Foi com esta pequena frase que fomos brindados ao atravessar a porta da ala infantil da biblioteca municipal de Orotava.

Situada na calle Tomás Pérez, em pleno centro histórico, esta bonita biblioteca está, desde 1985, no edifício do antigo Casino. 

Com um acervo de 49 590 livros, esta biblioteca de dois pisos conta com uma sala de leitura, uma área infantil e um espaço mais lúdico para consulta de jornais e revistas. 

Termino, referindo que passamos uma boa hora a ler livros infantis em espanhol e que o bibliotecário que nos recebeu foi uma simpatia. 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Sobre a vida


 "A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final."

Livro do Desassossego, Bernardo Soares (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 21 de junho de 2024

El Chinyero

 


O vulcão El Chinyero, de 1.561 metros de altura, foi o último a entrar em erupção, em Tenerife, e fica bastante próximo do Teide.

Foi na Reserva Natural del Chinyero que realizamos um dos percursos mais bonitos da ilha. 

Aqui contemplamos uma das paisagens vulcânicas mais impactantes, que ficará registada na nossa memória.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Maria Teresa Horta, A Desobediente


Ler "A Desobediente, Biografia de Maria Teresa Horta" de Patrícia Reis, é imergir no universo de uma mulher ímpar. Maria Teresa Horta é a mulher das palavras, da poesia, do feminismo, do corpo, do desejo, da sexualidade, da luta, da liberdade, das ideias, da literatura, da irreverência, das convicções, da paixão e também do amor desmedido por Luís de Barros a quem dedica a maioria dos seus livros. 

Patrícia Reis é maravilhosa nesta demanda tão inglória que é abraçar uma vida inteira de uma figura incontornável do nosso século. Maria Teresa Horta é mulher, jornalista, escritora, poetisa, mãe, avó, bisavó, foi e continua a ter uma voz ativa em tantos outros papéis. O seu nome está fortemente associado à luta contra o fascismo e o Estado Novo. É uma das três autoras do livro, Novas Cartas Portuguesas, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Toda a sua vida lutou pelas condições da mulher em Portugal. Nem sempre foi bem vista e reconhecida, pois "ser feminista era uma coisa aviltante".

Imergi, assim, para um tempo em que "as mulheres praticamente não tinham corpo" e "eram todas iguaizinhas", onde quem mandava era o homem. Fui parar a um tempo que não vivi, nem conheci. Em que não se questionava a situação da mulher. Esta não tinha uma "voz ativa, não tinha uma voz real", porque na hora de decidir era a mesma coisa que ser muda.

Não conheço toda a obra de Maria Teresa Horta, mas admiro imenso esta mulher desde a minha juventude. Gosto da sua teimosia e rebeldia, da sua voz na política e na cultura, que com os seus 87 anos continua sempre tão lúcida e coerente consigo própria. 

Ouvir ou ler Maria Teresa Horta é sentir a paixão nas palavras e o quanto a palavra "mulher" faz parte de si, da sua identidade. 

"Mesmo que não entendesse, achava sempre lindo que as palavras viessem dali dos livros. E cada palavra tinha um peso específico, uma música, isso era um dos mistérios que gostaria de desvendar com alguma pressa, porque intuía que ali, nas palavras, estava um caminho que era seu." 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Sendero de La Hija Cambada


O Parque Rural de Anaga em Tenerife é daqueles lugares imperdíveis para os amantes de trilhos.

Contudo, se estiveres com o tempo contado e mesmo assim quiseres fazer 1 ou 2 caminhadas, aconselho-te o Sendero de los Sentidos (1,6 km) e o Sendero de La Hija Cambada.

Este último com uma distância de 5,5km já dá para sentires a magia da floresta de laurissilva. É como se estivesses mesmo dentro de uma história de fantasia.

Com um grau de dificuldade fácil/moderado, este percurso circular tem início e chegada no Centro de Visitantes Cruz del Carmen e é acessível para famílias com crianças.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

"O que estará para lá do grande muro vermelho?"


Os livros de Britta Teckentrup têm tudo o que gosto num livro infantil: ilustrações bonitas e uma história simples, que nos faz pensar/questionar. ❤️

"O que estará para lá do grande muro vermelho?"

"O Ratinho e o muro vermelho" é um livro para os audazes e destemidos que, com a sua curiosidade, ousam olhar mais além. Que não têm medo e se aventuram no desconhecido. Que vão em busca de uma liberdade para todos. Sem muros ou vedações. 

Mas também é um livro para os receosos, que vivem paralisados e escondidos na sua concha.

Pois quantas vezes é que, por receio do que não compreendemos, criamos barreiras e nos fechamos ao mundo ou ao outro? Quantas vezes é que acreditamos naquilo que nos impingem diariamente e não vamos em busca da verdade por nós mesmos? 

Por isso, todos os dias são um bom dia para lutar pela liberdade e por um mundo sem barreiras, pois "irá haver muitos muros na tua vida [...]. Alguns serão feitos pelos outros, mas a maioria será criada por ti..." 

Pinturas populares (últimos 30 dias)