quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O meu pai era ciclista

 

O meu pai era ciclista. Nunca deixou de o ser. Mesmo nos últimos tempos, a bicicleta continuava a ser a sua alegria e o alento para os dias menos bons. 

Não era pessoa de muitas palavras, mas gostava de contar histórias da sua juventude quando estávamos apenas os dois. Também não era pai de afetos. No entanto, já em idade adulta, compreendi que se preocupava à maneira dele. 

Há dias que custa mais sentir a sua ausência. Daí que "O meu pai voava", de Tânia Ganho, trouxe-me conforto. Aqueceu-me o coração! Como somos quase da mesma geração, revi-me em muitas memórias. E muitas delas fizeram-me sorrir por esse mesmo reconhecimento. 

Foi um dos livros mais bonitos deste longo mês de janeiro.

"<<A memória ajusta-se>>, escreve Joan Didion em Noites Azuis, <<a memória conforma-se ao que julgamos recordar.>> A memória é profundamente subjetiva. Esta é a minha versão do meu pai. A dos meus irmãos será diferente, talvez até contraditória."

🤍 26 meses, pai.

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