quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Meio-dia: XLIV

Cem Sonetos de AmorCem Sonetos de Amor. Assim se chama o livro de Pablo Neruda (Prémio Nobel da Literatura, 1971) publicado em 1959.
Os cem sonetos estão divididos em quatro partes: Manhã, Meio-dia, Tarde e Noite. Neles, Neruda expressa todo o seu amor.
O escritor confessa à sua amada "Matilde" (e a nós leitores), que grande foi o seu sofrimento ao escrevê-los, mas que a sua alegria em oferecê-los a ela era ainda maior.
Palavras apaixonantes para este quente mês de Agosto e dos cem sonetos, este que transcrevo foi o que mais gostei.




Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

5 comentários:

Miss Alcor disse...

Que poema maravilhoso!
Nunca li nada do Pablo Neruda... e estou a ver que fiz mal...! ;)

Célia disse...

Bolas, que bonito!! E eu que nem sou grande fã de poesia...

susemad disse...

Miss Alcor,
Comprei este na feira do livro de Faro. Foi mesmo por curiosidade. Também nunca li nada do escritor. Os sonetos são muitos, afinal são cem, mas devo dizer que nem chega a metade aqueles que realmente me ficaram a soar cá dentro. Este que transcrevi realmente é o mais maravilhoso. E até é o que está na contracapa, talvez com a devida intenção de puxar quem o lê. :)
No entanto o livro não deixa de ser uma boa compra!
E por falar em Pablo Neruda... já leste “O Carteiro de Pablo Neruda”, do escritor António Skármeta?


Canochinha,
A poesia quando bem escrita é divina. Toca-nos mesmo cá dentro, no lado do sentir.
E às vezes também sabe bem variar da prosa para a poesia! :)

carteiro disse...

Que bonita escolha :)
Nunca li o livro mas já, por mais de uma vez, fiquei curioso.
Li "O Carteiro de Pablo Neruda", do qual gostei muito... e vi a adaptação ao cinema, que também gostei mas de um modo muito menos tocante, pelas alterações feitas e pela perda de muita magia.

susemad disse...

Carteiro: Não fiques pela curiosidade! Eu posso sempre emprestar-te estes "Cem Sonetos de Amor"! :) Muito embora te confesse (tendo já o dito à Miss Alcor) que muitos foram os que não gostei.
Este no entanto é divinal. Não me canso de o ler.
Quanto ao "Carteiro de Pablo Neruda", sabes que já não me lembro muito da história. Tenho raras passagens na memória. Lembro-me que na altura não me entusiasmou muito. Talvez tenha de o ler novamente... Quanto ao filme... nunca o vi.
Um abraço

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