sexta-feira, 5 de novembro de 2010

«Poema da despedida»

Entangled, Robert Dunn, Reino Unido

«Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo»
in Raiz de Orvalho e Outros Poemas, de Mia Couto

2 comentários:

Teté disse...

Gostei do poema, mas a imagem é fantástica! :)

Cartas a Si disse...

Lindo poema, de um grande escritor. A ilustração é também magnífica.

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