Páginas

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Olhar 6: "Encontros"

Dois

Um olhou.
Olhou.
E foi olhado.

Tanto olhou e foi olhado
Que se consumou.

Tanto se consumou,
Olhando e olhado,
Que não pestanejou.

Não pestanejou
Não fechou
Olhou mas não viu.

Consumou-se. Consumiu-se e secou.

Nunca mais olhou.

______________________
Autora: Humming
Blogue: http://omeusussurro.blogspot.com/

8 comentários:

  1. Este é o meu poema favorito.
    Uma escrita profunda e faz-nos pensar...

    Podemos interpretá-lo de várias formas... é nisso que a poesia é fabulosa.

    Força.

    ResponderEliminar
  2. "Dois"! O encontro de "dois" olhares.
    Olharam-se... E então um consumou-se... Depois secou e não mais olhou...
    Porque secou?
    Porque não mais olhou?

    ResponderEliminar
  3. Não sei se querem que explique... Posso dar uma achega. Mas não sei até que ponto será interessante. É que estão ambos muito frios. ;)

    ResponderEliminar
  4. De qualquer forma:

    Ninguém se consumou. O olhar levou a que algo se consumasse.

    O acto de olhar sem pestanejar, sem descanso, é metafórico... O que é demais acaba por estafar. O secar tem dois lados, o secar dos olhos e do que se sentia (por ter sido imediato, ininterrupto,irreflectido - existe aquela expressão "sem pestanejar"). O que havia deixou de haver. Consumiu-se.

    Nunca mais olhou, porque deixou de fazer sentido. Deixou de querer olhar. Não precisava.

    Aqui fica um resumo de parte do que aquilo que escrevi significa.

    Desiludidos? ;)

    ResponderEliminar
  5. Humming, olá
    Interessante a tua explicação!
    Ao ler o teu poema não tinha levado para esse lado...
    Realmente a perspectiva de quem lê é sempre diferente de pessoa para pessoa. :)
    Um beijinho

    ResponderEliminar

Espaço para pintares com outras cores